quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Quase 20 anos depois, Ryuller fala sobre campanha desastrosa do Brasileiro de 93

Zagueiro revelou que faltou preocupação da diretoria em formar equipe competitiva
Luiz Martini - Superesportes
Publicação:16/10/2012 08:30
Atualização:16/10/2012 16:23
O Brasileiro de 1993 teve a pior campanha do Atlético na história da competição. Com apenas uma vitória em 14 jogos, o Galo só não foi rebaixado para a Série B por causa do regulamento do torneio. Integrante da defesa na campanha desastrosa, o zagueiro Ryuller aponta a falta de preocupação da diretoria em formar um time competitivo, pois houve um desmanche após o título da Conmebol no ano anterior.
“ Depois de 1992, a maioria dos jogadores saiu e restou apenas eu e o Paulo Roberto (lateral-esquerdo) no grupo. Como não caia para a Segunda Divisão, o Atlético não preocupou em investir em contratações. A diretoria não montou um time competitivo e a base que havia ganhado a Conmebol no ano anterior foi desfeita sem ter reposições”, concluiu Ryuller, ao Superesportes.
O único triunfo do Alvinegro naquele Nacional foi sobre o Guarani, de Campinas, em partida realizada no Mineirão. No mais, a equipe empatou dois jogos e perdeu 11. Para Ryuller, os problemas do clube eram evidentes antes do Brasileiro, e o fraco desempenho foi apenas uma comprovação.
"Nesse ano, o Atlético não chegou nem a final do Mineiro. Nós perdemos para o América na semifinal e ficamos fora da decisão. Foi uma pressão muito forte pelos resultados ruins. Houve até um episódio em que eles (torcedores) quebraram vários carros no estacionamento do Mineirão. Até o carro do Neylor Lasmar, médico do Galo, foi quebrado por engano. A torcida pensou que era de algum jogador.”, afirma.
O aproveitamento do Galo em 1993 foi de 14,2% dos pontos. O time era formado por Luis Henrique, Luciano, André, Ryuler e Paulo Roberto; Valdir, Cristovão, Pael e Negrini; Reinaldo e Renaldo. O técnico era Otacílio Gonçalves. Algumas curiosidades nessa formação ficam por conta da presença de Cristóvão Borges no meio-campo. Recentemente, ele comandou o Vasco da Gama. Já no ataque, a dupla Reinaldo e Renaldo mostrou mais tarde ter qualidade e marcou gols importantes para o clube. Completa a lista o lateral Paulo Roberto, que atuou por mais de dez anos no Atlético.
Regulamento polêmico
Por causa de uma manobra da CBF após o Nacional de 1992, quando o Grêmio não conseguiu o acesso para a Primeira Divisão, a competição de 93 teve 32 clubes ao invés dos 20 previstos. Essa pressão na Confederação foi feita pelo Clube dos 13, e por causa da mudança no torneio, 16 agremiações foram protegidas e ficaram livres do rebaixamento, independentemente da posição no Brasileiro.Os times foram divididos em 4 grupos, com dois deles entre os principais. Antes de o campeonato começar foi decidido que nenhum clube do grupo principal iria ser rebaixado. O Atlético foi beneficiado por essa medida e mesmo na última posição, o Galo continuou na Série A.
Começa de carreira
Natural de Caxambu, Minas Gerais, Ryuller teve um apoio importante para começar a carreira no futebol. Observado por Telê Santana, ele foi chamado pelo treinador para integrar o grupo atleticano aos 17 anos. Em pouco tempo de clube, o defensor desceu para a base, pois Telê deixou o cargo e ele acabou preterido.
“O Telê Santana me viu jogando e me convidou para ir para o Atlético. Eu lembro que cheguei direto para os profissionais. Mas depois de pouco tempo ele saiu e tive que descer para a base. Ganhamos torneios importantes nos juniores e retornei para os profissionais aos 19 anos”, disse.
Pelo Atlético, Ryuller disputou mais de 100 partidas e marcou quatro gols. “Fiquei seis anos no Galo e depois joguei no Rio Branco, de Americana, em Portugal e depois no Ituiutaba, em 2003, meu último clube. Depois disso, eu decidi encerrar a carreira”, garante.
Momento marcante
Se não foi bem em 1993, o Atlético de 1992 deu orgulho para o zagueiro Ryuller. Campeão da Conmebol pelo clube, ele ressalta o momento marcante na carreira. “Eu fiz poucos gols, mas aquele título me marcou bastante. Tínhamos uma boa equipe”.
“Me lembro também de um momento especial no Torneio Ramon de Carranza, em 1990. Éramos comandados pelo Jair Pereira e fomos campeões num torneio de tiro curto, que tinha a presença do Atlético de Madrid”, completou.
De volta à terra natal
Zagueiro no CT do Atlético
Quando pendurou as chuteiras em 2003, Ryuller decidiu apostar nos estudos para continuar próximo do futebol. Ele se formou em Educação Física e recebeu um convite para trabalhar na Prefeitura de Caxambu, sua terra natal.
“Depois que eu parei de jogar formei em Educação Física e vim trabalhar na Secretaria de Esportes em Caxambu. Depois que sai da prefeitura, por causa do fim do mandato do prefeito que convidou, montei uma escolinha de futebol e também vivo do aluguel de uma quadra esportiva”, comenta.
Por fim, Ryuller demonstrou gratidão pela oportunidade dada pelo Atlético.” Agradeço muito ao Galo. Sai de uma cidade com 20 mil habitantes e conheci o mundo por causa do clube. É o time do meu coração”, finalizou.
Jogos do Atlético no Brasileiro de 1993:
Vasco 1 x 0 Atlético, Brasileiro - São Januário
Atlético 1 x 1 Santos, Brasileiro - Mineirão
Atlético 0 x 1 Sport, Brasileiro - Mineirão
Fluminense 2 x 0 Atlético, Brasileiro - Laranjeiras
Atlético 1 x 0 Guarani - Brasileiro - Mineirão
Palmeiras 1 x 0 Atlético, Brasileiro - Parque Antártica
Atlético 0 x 0 Grêmio, Brasileiro - Mineirão
Atlético 1 x 3 Vasco, Brasileiro - Mineirão
Santos 1 x 0 Atlético, Brasileiro - Vila Belmiro
Atlético 1 x 2 Fluminense, Brasileiro - Mineirão
Sport 2 x 1 Atlético, Brasileiro - Ilha do Retiro
Guarani 1 x 1 Atlético, Brasileiro - Brinco de Ouro
Atlético 2 x 3 Palmeiras, Brasileiro - Mineirão
Grêmio 2 x 0 Atlético, Brasileiro - Olímpico

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