domingo, 28 de outubro de 2012

A bênção aos pequenos súditos

Observado quase diariamente pelos meninos que sonham ser como ele um dia, astro Ronaldinho Gaúcho mostra por que é ídolo: quebra o protocolo e os visita no refeitório
Renan Damasceno - Estado de Minas
Publicação:28/10/2012 08:00
Atualização:28/10/2012 09:38
Quinta-feira, Ronaldinho quebrou o protocolo. Depois do treino da tarde, tomou banho e desceu para o refeitório do hotel das categorias de base, na Cidade do Galo, para conversar com os garotos, que terminavam de jantar. Cumprimentou todos e, por 20 minutos, tirou fotos com quem pediu – inclusive com os funcionários. Foi uma retribuição do armador, que é observado atentamente todos os dias por uma plateia de meninos que se espreme nos barrancos do CT para ver o ídolo de perto.
“Eu fico olhando o jeito de ele bater na bola, o domínio. É muito diferente de tudo que eu já vi. Ele amortece a bola, olha para um lado e toca para o outro. Parece tudo tão fácil que, quando posso, tento repetir no treino”, conta o lateral-direito Igor Fiúza, de 17 anos, que treina desde 2007 no Galo. Ele começou no Riachinho, equipe do Bairro Riacho das Pedras, em Contagem, e não desgruda os olhos dos jogos do ídolo. “Eu o acompanhava no Barcelona, Milan, Seleção... Olhar para ele hoje aqui, treinando na minha frente, é muito motivador”, comenta o aspirante a uma vaga ao lado do ídolo.
Ronaldinho mudou a rotina na Cidade do Galo. A presença não motivou apenas os garotos da base. Desde sua chegada, o time principal vive o melhor momento em mais de uma década e chega à reta final brigando pelo título nacional e com vaga praticamente garantida na Copa Libertadores após 13 anos. O alvinegro terminou o turno na liderança, com 43 pontos e incríveis 79% de aproveitamento – no ano passado, na metade do campeonato, havia feito 15 e amargava a vice-lanterna.
“É visível o benefício do Ronaldo para o grupo. É só analisar o desempenho do Bernard, por exemplo, que cresceu de produção. Conviver com um ídolo é o melhor exemplo para quem quer ter sucesso”, afirma o diretor de futebol atleticano, Eduardo Maluf.
FÔLEGO INVEJÁVEL Anunciado em 4 de junho pelo presidente Alexandre Kalil, Ronaldinho só não esteve em campo em dois jogos, ambos por suspensão: contra o Bahia, pelo terceiro amarelo, e Internacional, por punição do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Em 27 partidas, marcou sete gols e distribuiu 12 assistências, liderando as estatísticas do Brasileiro nesse fundamento. É a melhor média de passes para gol da carreira.
O preparador físico do Galo, Carlinhos Neves, justifica a boa forma do jogador, de 32 anos, por sua capacidade de armazenar energia para momentos decisivos. “Ele economiza energia, se posiciona melhor. Não percorre a mesma distância do Bernard, por exemplo, mas consegue armazenar energia para imaginar uma jogada como a que resultou no gol do Leonardo Silva”, explicou o preparador, se referindo ao cruzamento preciso de Ronaldinho que deu origem ao terceiro gol da vitória por 3 a 2 sobre o Fluminense, domingo passado.
Quarta-feira, o Gaúcho vai se encontrar de novo com o Flamengo. Vitória é imprescindível para manter a diferença do Galo para o líder em seis pontos, faltando seis rodadas para o fim do campeonato, uma vez que o tricolor fez o dever de casa e venceu o Coritiba por 2 a 1.

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