domingo, 28 de outubro de 2012

"O Galo apostou em mim"

Aos 33 anos, o grandalhão Leonardo Silva é um dos pilares da grande campanha do Atlético
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:27/10/2012 09:24
Atualização:27/10/2012 09:29
Zagueiro artilheiro do Galo
Um ano que começou de forma negativa, com pessimismo e tristezas, pode ser o da consagração de um zagueiro experiente, líder e uma das esperanças do Atlético de conquistar o título brasileiro depois de 41 anos. Depois de ficar sete meses parado devido a grave contusão na coxa esquerda, o carioca Leonardo Silva, de 33 anos, deu a volta por cima e forma com Réver uma das melhores duplas de zaga do país. Sempre confiante, o camisa 3 encontrou a paz no alvinegro depois de se sentir desprestigiado no arquirrival, Cruzeiro. Do alto dos seus 1,92m, ele vem se destacando até mais pelos gols em jogos importantes, como na empolgante vitória por 3 a 2 sobre o Fluminense domingo, aos 47min do segundo tempo, diante de 20.096 torcedores no Independência. "Conquistamos vitórias difíceis com gols de cabeça e espero que a jogada continue dando certo nas dificuldades", diz o jogador, em entrevista ao Estado de Minas. Além do sonho de ser campeão brasileiro, ele almeja ser ídolo inesquecível da massa.
Qual a emoção exata no gol sobre o Flu?
É difícil descrever a situação e colocar tudo em palavras, porque foi um momento único não só na minha carreira, mas na própria história do torcedor com o clube. Fiquei muito feliz por ter feito aquele gol e garantido o resultado fundamental para nosso objetivo. Aquele momento foi bom porque a toda a equipe jogou muito bem. Graças ao conjunto, a vitória foi conquistada e dá novas esperanças de título.
Você vive a melhor fase da sua carreira?
Certamente uma das melhores. Também tive grande momento em 2009 (no Cruzeiro), quando fiz excelente temporada, embora tenha tido uma lesão grave. Mas este ano voltei a jogar bem e ser feliz na vida pessoal e profissional. Tudo tem me ajudado em campo para manter a concentração.
Houve uma razão específica para a queda do Galo no returno?
É normal. A maioria das equipes que lideraram o Brasileiro nos últimos anos teve queda de produção, mas não durou muito. Passamos por momento complicado no início do segundo turno, mas jogávamos bem. A vitória, entretanto, não aparecia. Isso dificultou nossa tarefa, e o Fluminense aproveitou para abrir a vantagem. Continuamos com percentual bom de aproveitamento e fortes na luta pelo título.
Qual o poder da torcida neste Brasileiro?
É o nosso 12º jogador. Tem contribuído muito para nosso desempenho no Independência, principalmente quando estamos perdendo. Todos os adversários sabem que encontrarão uma pressão muito forte. Nós procuramos tirar proveito disso com boas atuações.
Você é carioca, mas se destacou em Minas. O que lhe faltou no Rio?
Na verdade, comecei no Botafogo e me tornei profissional no América-RJ. Disputei três Estaduais entre 2000 a 2002, mas meu contrato acabou não sendo renovado. Depois joguei no Brasiliense e comecei minha jornada até ser reconhecido em grandes clubes, como Cruzeiro e Atlético.
Você sofreu algum preconceito no Galo por ter saído do Cruzeiro?
Foi uma mudança turbulenta, mas aos poucos tudo acabou se tornando tranquilo. Não fiz nada de errado, porque meu contrato acabou e não houve interesse na renovação. Por outro lado, tinha de estar em atividade e por isso vim jogar no Atlético. Nunca sofri preconceito. Fui bem recebido pelo grupo, diretoria, comissão técnica e torcida. Essa transferência para o Atlético foi oportuna, porque voltei a jogar bem. Agradeço sempre ao Atlético por ter acreditado no meu trabalho.
Você e Cuca bateram na trave em 2010, quando o Cruzeiro foi vice-campeão. Qual é a importância do treinador para que o Galo conquiste seu objetivo?
Ele é um excelente treinador e merece o título. No ano passado, quando disputávamos para não ser rebaixados, Cuca chegou ao Galo e mudou totalmente a cara da equipe. Ele conversa e procura tirar o máximo do atleta para que possa render nas partidas. É um companheiro, pessoa nota 10, que tem nos ajudado bastante. Sem dúvida, continuaremos caminhando juntos rumo a esse passo importante na nossa carreira.
A séria lesão na coxa esquerda o desanimou?
Foi uma etapa difícil e triste na minha carreira, mas não desisti e contei com o apoio do clube e da família. Tive a tranquilidade e contei com a grande estrutura do Atlético para me recuperar 100%. Sempre demonstrei paciência no tratamento.
Como é a relação entre os jogadores, a comissão técnica e o presidente Alexandre Kalil? Há muitas cobranças pelo título?
A convivência é supernatural, pois procuramos trocar confiança. Eles confiam no nosso trabalho e fazemos o mesmo para que tudo flua normalmente em prol do único objetivo: o título. Todos são felizes, se conhecem e são exigidos na dose certa pelos resultados positivos e os títulos.
Caso a taça não venha, a vaga na Libertadores serve de consolo?
Primeiramente, pensamos no título. No momento, a vaga na Libertadores fica em segundo plano. Não que a gente a esteja desprezando, mas será uma coisa natural. Caso o título não venha, a Libertadores está praticamente garantida. Logo, vamos até o fim com esperanças de conquista, mas é claro que a vaga na competição internacional levaria o Atlético a outros patamares no futebol.
Vocês esperavam que Ronaldinho se tornasse ídolo rapidamente?
Ronaldinho é fora de série e mudou a cara da equipe. Ele não precisou de muito tempo para se ambientar e se tornar o grande jogador de que a torcida precisava. Com Ronaldinho é fácil de se lidar e jogar, porque ele se dedica ao máximo para que a equipe saia vitoriosa. Também procuramos dar a ele o suporte para brilhar.
A arbitragem é o ponto negativo do Brasileiro?
Aconteceram alguns fatos que prejudicaram algumas equipes e beneficiaram outras. Esperamos que haja melhor preparação dos árbitros para que tomem decisões corretas e valorizem a competição. O Brasileiro é um dos campeonatos mais difíceis do mundo e o mais prestigiado. Logo, é preciso que todos os árbitros trabalhem com confiança para reduzir as falhas.
Restam seis jogos para o Galo terminar a temporada. Como você desenha o futuro da equipe e da competição?
Levamos em conta apenas o próximo jogo, procurando vencer e avançar cada vez mais. Não adianta pensarmos em adversários à frente se não fizermos o trabalho benfeito agora. Cada jogo é uma final e tentaremos pontuar sempre, dentro ou fora, para que a diferença para o Fluminense se reduza.
PERFIL
Leonardo Fabiano da Silva e Silva
Nascimento: 22/6/1979, no Rio de janeiro
Altura e peso: 1,92m e 80kg
Clubes: América-RJ (1997/2001), Brasiliense (2002/2003), Bahia (2004), Palmeiras (2005/2006), Portuguesa (2006), Juventude (2007), Al-Wahda-UAE (2007/2008), Vitória (2008), Cruzeiro (2009/2010) e Atlético (desde 2011)
Títulos: Série C 2002, Brasiliense’2002, Baiano’2008, Mineiro’2009 e Torneio de Verão de Montevidéu’2009

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