terça-feira, 4 de maio de 2010

Domingo em preto e branco

Torcida colore as ruas da cidade desde as primeiras horas, lota o estádio e festeja feliz com seus heróis

Ivan Drummond - Estado de Minas


Publicação:
03/05/2010 07:00
Belo Horizonte amanheceu colorida de preto e branco. O atleticano tinha a quase certeza de que era dia de título e demonstrava isso nas ruas, com buzinas, gritos de “Galô!”, bandeiras, muita gente trajando sua camisa, a tradicional, branca ou a rosa. Em restaurantes, famílias inteiras uniformizadas, prontas para ir ao Mineirão. Nos bares, desde cedo, as calçadas foram invadidas por grupos eufóricos.Dois corredores alvinegros se formaram rumo ao Mineirão – um na Avenida Antônio Carlos, outro na Carlos Luz. A Abrahão Caram, que liga a Antônio Carlos ao estádio, era um mar de bandeiras nas mãos ou nos carros. A condenar apenas os foguetes lançados a esmo, com risco de acidentes. A polícia teve muito trabalho para conter os ânimos e chegou a tirar torcedores organizados de ônibus, para ser revistados.Os cambistas mostravam nova tática, agindo nas avenidas de acesso, oferecendo ingressos a R$ 80 (geral), R$ 150 (cadeira de setor) e R$ 200 (especial). Era grande também a movimentação de ambulantes, negociando faixas (R$ 5) e bandeiras (R$ 10 a R$ 20), entre outros artigos, inclusive cerveja. Era dia de faturar, pela presença de uma multidão na Pampulha e pelo calor.A massa tomou conta das dependências do Mineirão. Vaiou forte quando o Ipatinga entrou primeiro em campo, fez o mesmo com o trio de arbitragem e foi ao delírio quando o Atlético pisou o gramado. Ninguém foi mais festejado do que Diego Tardelli.EMOÇÕES O torcedor viveu vários tipos de emoção. Foi à euforia quando Tardelli arrancava. Ficou nervoso quando o time tocava a bola devagar no meio-campo ou ao desespero nos raros ataques do Tigre. A diminuta galera do time do interior, espremida em um canto, chegou a fazer algum barulho, sendo sufocada depois pelo som da charanga e pelos gritos da massa.Quando Tardelli abriu o marcador, no meio do segundo tempo, o Mineirão explodiu. Ponto de partida para a festa há três anos aguardada. O feliz atleticano soltou a voz até o fim, quase indo ao êxtase quando Marques, sempre ídolo, definiu o resultado.Dois personagens ilustres vibravam nas cabines: o governador Antonio Anastasia e o prefeito Márcio Lacerda. “Sou pé quente. Enquanto eu for governador, o Atlético vai ganhar tudo”, exultava o primeiro. “Uma torcida tão bonita como essa, tão fanática, tão fiel, merece ter essa alegria. Quando o Galo ganha, BH fica mais alegre”, proclamava o segundo.Os dois foram ao palco da cerimônia de premiação. Em volta, a imensa torcida cantava feliz. Clima perfeito para a volta olímpica dos campeões.

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