Surfando até na maré baixa

Mesmo com a má fase do Atlético, Ronaldinho segue no time dos craques que crescem diante da adversidade. Armador foi quem mais fez gols de falta no Brasileiro

Roger Dias - Estado de Minas

Publicação:

06/09/2013 08:09

  

Atualização:

06/09/2013 08:30

Artilheiro do Galo no Nacional, Ronaldinho marcou em cobranças contra Botafogo e Fluminense

Que Ronaldinho Gaúcho, aos 33 anos, é o líder e o astro de um grupo que há pouco tempo assegurou sua maior glória, o título da Copa Libertadores, ninguém tem dúvida. Mas muitos colocariam em xeque seu aproveitamento individual caso o timecaísse de rendimento logo após a conquista. A equipe de fato perdeu fôlego, mas o craque ainda se destaca no Campeonato Brasileiro por sua genialidade e gols: foram cinco em oito partidas, assumindo a artilharia da equipe na competição nacional. No entanto, a idade cobra seu preço. O armador ficou fora de vários jogos em 2013 devido ao cansaço muscular.

O técnico Cuca é um dos defensores da tese de que o camisa 10 deve ser poupado nas partidas mais desgastantes e que exigem esforço físico extra. O objetivo é garanti-lo inteiro e bem preparado até dezembro, quando o Galo disputará o Mundial de Clubes, no Marrocos. Com os dois gols de falta no empate com o Fluminense por 2 a 2, no Independência, ele alcançou os 13 na temporada, igualando-se ao atacante Jô. Desde que chegou ao alvinegro, em junho do ano passado, ele balançou as redes 22 vezes.

De falta, o atleta havia marcado nos 6 a 0 contra o Figueirense, pelo Brasileiro do ano passado, e nos 2 a 2 com o Botafogo, há um mês. “Ronaldinho tem 33 anos e já requer cuidados específicos em sua preparação. A gente trabalha diariamente com o departamento de fisiologia e com os preparadores físicos e sabemos o que estamos fazendo quando o deixamos de fora. O seu rendimento cresce muito nesses jogos porque ele atua descansado e com 100% das condições físicas. É a nossa referência e precisamos que ele esteja bem”, afirma o técnico Cuca, que chegou a dizer que R10 foi o jogador mais habilidoso com quem trabalhou. 

No duelo de amanhã com o Vitória, às 18h30, no Barradão, o comandante não sinalizou se o craque jogará ou ficará em Belo Horizonte. Duas características peculiares de Ronaldinho se destacam: quase nunca ter lesão e atuar regularmente os 90 minutos. Nos oito confrontos pelo Nacional, ele deixou o campo apenas uma vez, no empate sem gols com o Internacional, em Novo Hamburgo, ocasião em que Cuca o substituiu por Rafael Marques no fim para fechar o sistema defensivo. 

Bem no aspecto individual, Ronaldinho chama a atenção dos companheiros para a necessidade de retorno das vitórias e da regularidade, até para terminar o Campeonato Brasileiro numa posição de destaque e fazer boa preparação para o Mundial de Clubes. Ele entende que é difícil manter o nível das atuações da Libertadores, mas confia no espírito da equipe: “Nós nos acostumamos a vencer e a torcida também. É preciso encarar essa fase com tranquilidade para que os resultados positivos ocorram novamente. Precisamos subir na tabela para começar o segundo turno de forma tranquila”.

Ele não esteve na reunião de Cuca com o grupo ontem à tarde, na Cidade do Galo. Apareceu no local no fim da tarde, participou da atividade regenerativa na piscina e foi embora rapidamente. A conversa no gramado serviu para que o treinador garantisse o voto de confiança aos atletas, especialmente da reação pesada e das cobranças dos torcedores depois do 2 a 2 com o Fluminense.
 
RICHARLYSON Um dos mais vaiados, o lateral-esquerdo Richarlyson conversou reservadamente com Cuca sobre a partida de quarta-feira e diz estar acostumado aos questionamentos duros: “A minha trajetória sempre foi marcada por críticas. E todos sabem o motivo, que eu não quero voltar a repetir. Convivo com isso desde a época do São Paulo. Sei o que ainda posso fazer pelo Galo. Momentos difíceis acontecem na carreira de qualquer um, mas rapidamente você pode dar a volta por cima. Há pouco tempo, conquistamos um título importante para o clube e a torcida sempre me aplaudiu”. 

O zagueiro Réver e o volante Pierre levaram o terceiro amarelo e não enfrentam o Vitória. Por outro lado, Cuca voltará a contar com o volante Josué, livre de suspensão automática. A esperança é o retorno do armador argentino Dátolo, que vem fazendo tratamento para se livrar de problema no púbis. O jogador será reavaliado no treino na manhã de hoje, o último antes do embarque para Salvador.