Caliente é o Galo

Mesmo com dificuldades para atuar no gramado sintético, alvinegro arranca empate na raça com o Tijuana e fica em ótima situação para o jogo da volta, no Independência
Publicação:24/05/2013 08:30
Atualização:24/05/2013 08:49
Thiago de Castro
Enviado especial a Tijuana, no México
Autor do gol que valeu o empate com o Tijuana, nos último minutos, Luan se emocionou e ganhou o carinho dos companheiros
Calor, gramado sintético, pressão da torcida. Esses foram apenas alguns dos muitos obstáculos que o Atlético, irreconhecível, teve de enfrentar diante do Tijuana, ontem, depois de uma viagem cansativa, para voltar para casa com empate importante por 2 a 2, gols de Diego Tardelli e Luan, na ida das quartas de final da Copa Libertadores, no Estádio Caliente. Com a igualdade, a primeira em 2013, o Galo assegura classificação na próxima fase com vitória por qualquer saldo de gols, quinta-feira, no Independência. Um resultado que pode ser creditado ao técnico Cuca, já que se desenhou com a entrada de Luan no lugar de Bernard, na segunda etapa.
O Atlético sentiu a diferença do gramado do Estádio Caliente, mas não se pode transferir para o tipo do campo a inoperância do alvinegro tanto ofensiva quanto defensivamente. Até os mexicanos pareciam não acreditar no que viam. Jornalistas locais comentavam que o Tijuana estava irreconhecível. Eles jamais viram os Xolos jogarem como ontem. Da mesma forma que o time de Cuca, que fora campeão mineiro no domingo e um dos favoritos ao título da competição continental, pouco pressionou, especialmente na primeira etapa.
O ataque alvinegro bateu cabeça no primeiro tempo e os defensores tiveram dificuldades para conter os avanços do adversário, familiarizado com o gramado sintético do Estádio Caliente. Enquanto o Galo não conseguia dominar a bola para armar suas jogadas de contra-ataque, os anfitriões aproveitavam o erro do alvinegro para pressionar. O primeiro chute de risco foi dos mexicanos, depois de um erro de Réver. Ao interceptar um contra-ataque, o zagueiro ajeitou a bola para Riascos na entrada da área. Para alívio alvinegro, o atacante chutou longe do gol. O ataque atleticano não conseguia prender a bola no setor, perdia facilmente o controle das ações e, consequentemente, sobrecarregava os defensores, que se desdobravam como podiam para evitar o gol do rival.
Os pouco mais de 100 atleticanos nas arquibancadas tentavam incentivar o time de Cuca, mas os cânticos e os gritos eram abafados pelos torcedores do Xolos, maioria no estádio. Até o ex-lateral-esquerdo Rildo, que jogou no Santos de Pelé e na Seleção Brasileira, torcia pelo Galo e queria acompanhar o futebol de Ronaldinho Gaúcho e seus companheiros. Foi um início de partida com domínio quase total do Tijuana, que de tanto pressionar marcou. Riascos apareceu livre na área para receber toque de Moreno e finalizou, sem chances de defesa para o goleiro atleticano, um dos destaques da partida. Gilberto Silva, atrasado no lance, tropeçou na tentativa de dar o combate. E depois ainda fez falta no fim do primeiro tempo que levou risco ao Galo. Pouco antes, a chance de empate foi desperdiçada pelo trio ofensivo do alvinegro, visivelmente sem sintonia.
REDENÇÃO
No segundo tempo, o time de Cuca levou outro susto logo no início. Uma falha coletiva proporcionou o segundo gol do Tijuana. Moreno recebeu lançamento na entrada da área, chutou forte e Victor rebateu. Martínez aproveitou a sobra na pequena área e tocou rasteiro no fundo do gol. Depois disso, determinado, o Galo se lançou ao ataque, conseguiu um escanteio e na cobrança de Ronaldinho Gaúcho, na direita, Diego Tardelli, livre na pequena área, diminuiu. Não foi fácil até o fim, mas o alvinegro não se cansou. Teve chances importantes desperdiçadas e, nos acréscimos, Luan igualou. Em jogada de Tardelli na meia-lua, o baixinho venceu a disputa com o zagueiro e tocou na saída de Saucedo para definir o placar.
“O Luan está se tornando nosso talismã, tem entrado e resolvido as partidas, está crescendo muito. O empate premiou a insistência do time, nós sabíamos que precisávamos marcar ao menos um gol e conseguimos um resultadaço”, comentou Cuca.
"Esse é o espírito!!! Não vamos desistir nunca!! Vamos lutar até o fim!!! #aquiéGalo", Ronaldinho Gaúcho (@10Ronaldinho), no Twitter
Tijuana 2 x 2 Atlético
Tijuana
Saucedo; Nuñez, Gandolfi, Ortíz e Castillo; Pellerano, Arce, Ruiz (Omar 37 do 2º) e Martínez (Piceño 41 do 2º); Riascos e Moreno (Joe Corona 26 do 2º)
Técnico: Antônio Mohamed
Atlético
Victor; Marcos Rocha, Gilberto Silva, Réver e Júnior César; Pierre, Leandro Donizete (Josué 38 do 2º) e Ronaldinho; Bernard (Luan intervalo), Diego Tardelli e Jô (Alecsandro 44 do 2º)
Técnico: Cuca
Estádio: Caliente
Gols: Duvier Riascos 31 do 1º, Fidel Martínez 7, Diego Tardelli 20 e Luan 46 do 2º
Árbitro: José Buitrago (COL)
Assistentes: Wilmar Navarro e Wilson Berrio (COL)
Cartão amarelo: Pierre, Diego Tardelli e Cristian Pellerano
VIVA
Para o goleiro Victor, que fez boas defesas durante a partida, evitando que o Galo levasse uma goleada
VAIA
Para o gramado sintético do Estádio Caliente, que comprometeu o bom futebol
HERÓI DO JOGO
O técnico Cuca foi cirúrgico nas mudanças que promoveu no segundo tempo. Diante da derrota para o Tijuana que se desenhava durante a partida, o treinador fez trocas fundamentais para o Galo arrancar empate importante fora de casa