quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Minientrevista Ziza Valadares Ex-presidente do Atlético (2007-2008) PUBLICADO EM 28/11/15 - 04h00 Como foi sua passagem pelo clube? Cheguei em dezembro de 2005, depois que o Atlético caiu. Tínhamos apenas 17 jogadores no elenco. Montamos a equipe correndo para a Série B da qual, por sorte, fomos campeões. Eu não tinha a pretensão de ser presidente. Combinei que aceitaria ficar um ano só. O Atlético devia seis meses de salário. Todo ano era taça, título, dinheiro do banco que era bloqueado para pagar dívida trabalhista. Daí, fizemos o primeiro acordo trabalhista de Minas Gerais. O Atlético devia em torno de R$ 90 milhões. Passamos a pagar o salário em dia, ganhamos o Mineiro. Entramos na Lei de Incentivo ao Esporte, reformulamos toda a base e colocamos o hotel do profissional para funcionar com a doação de cada atleticano. Por que queria ficar só um ano na presidência? Porque é muito desgastante. Ser presidente do Atlético merece uma estátua todo ano e em todo lugar. E não é só do Atlético. Dou o exemplo. Até semana passada, o presidente do Cruzeiro era o bicampeão brasileiro, mas ele não podia sair na rua. A torcida enche o saco 24 horas por dia. E tive um problema mais grave: enfrentei a organizada, cortei ingresso, proibia entrada na sede, no CT, onde eles ameaçavam jogador, entravam na sede, quebravam a sede e ameaçavam de morte umas 50 vezes. Mas nunca tive medo, não. A minha briga era frontal. Não dava mais ingresso, não pagava viagem. Todo mundo pagava, por que eles não iriam pagar? Essas ameaças que acabaram contribuindo para a sua renúncia? É, por aí. Houve uma denúncia que eu estava emprestando jogador para o Democrata-GV. Não vai jogar, tem que emprestar. Mas, por garantia, nós pagávamos os jogadores. Estava lá para ajudar. A minha família exigiu que eu parasse, eu parei. Nunca mais voltei lá, nunca mais voltei ao campo, apesar de continuar sendo torcedor atleticano.

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