quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Casa de América e Atlético, Independência terá prós e contras com rivais juntos na Série A Estádio receberá jogos em menor espaço de tempo, o que gerará sobrecarga no gramado. Por outro lado, receitas devem saltar, gerando mais ganhos para América, Atlético, BWA e governo estadual. PM minimiza preocupações com segurança postado em 13/12/2015 11:00 / atualizado em 10/12/2015 22:36 Thiago Madureira /Superesportes , Túlio Kaizer /Superesportes Alexandre Guzanshe/EM/D. A Press Jogos em menor espaço de tempo no Independência devem impactar negativamente no gramado O futebol mineiro voltará a ter três clubes na Série A na próxima temporada. A última vez que isso ocorreu foi em 2011, quando América, Atlético e Cruzeiro participaram da elite. O retorno do Coelho ao Brasileirão gerará implicações principalmente no Independência, casa também do Galo. No campo esportivo, o estádio do bairro Horto, em Belo Horizonte, poderá receber jogos em dias consecutivos, sobrecarregando o gramado. Enquanto disputou a Série B, o América atuou às terças, sextas e sábados, o que facilitou o encaixe de apresentações do Atlético no Independência às quartas, quintas, sábados ou domingos. Quase sempre foi possível dar o tratamento adequado à grama graças aos intervalos maiores entre uma partida e outra. O Cruzeiro, por sua vez, só atua no Mineirão. A possível perda de qualidade do gramado preocupa os administradores do Independência. Como Cruzeiro e Atlético não jogam em Belo Horizonte na mesma rodada - essa, pelo menos, foi a tônica dos últimos campeonatos -, a tendência é que o Coelho atue na capital um dia antes ou depois de compromissos de Galo e Raposa. Diante disso, pode haver, por exemplo, partidas de americanos no sábado e de atleticanos no domingo, ambas no Horto. A Arena Independência - BWA, operadora do estádio, já planeja fazer tratamento especial do gramado. A possibilidade de jogos seguidos em curto espaço de tempo motivou os gestores a repensar as práticas de manutenção. O gerente administrativo do Horto, Hélber Gurgel, explica: “A gente está preocupado com essa situação, com o planejamento do gramado. Pensamos em preparar a grama para resistir ainda mais. Mas a própria CBF tem que ter um cuidado para que América e Atlético joguem de forma alternada, cada semana um. Tem que ter bom senso, a gente espera isso”, pondera. “Vamos estudar o que vai ser feito. Talvez um corte mais apropriado do gramado, adubação etc”, acrescentou. Este ano, o Independência chegou a receber picos de três jogos por semana. A avaliação da resistência do gramado foi positiva. “Chegamos no ápice do gramado neste fim de ano, com excelente coloração, com ótima proteção, enraizamento e sem ataques de pragas. Nós tivemos, nas últimas rodadas do Brasileiro, jogos às terças, sábados e domingos e o gramado aguentou muito bem”, destacou Hélber Gurgel. Em 2016, a tendência é que o gramado seja mais exigido com jogos de Campeonato Mineiro, Primeira Liga, Copa do Brasil, Copa Libertadores e Brasileiro. Mais receitas Se o gramado tende a ser castigado com mais jogos e menos tempo de recuperação, do ponto de vista financeiro o Independência deve dar um salto na arrecadação. O Atlético explora o estádio comercialmente em parceria com a BWA. Cada sócio fica com 45% das receitas geradas com publicidade, bares, aluguéis e camarotes. Já o América, proprietário do estádio, e o governo de Minas, responsável pela reconstrução, dividem igualmente os 10% restantes. Os valores obtidos com bilheteria são exclusivamente dos mandantes. O América deve atrair mais público e mais receitas em jogos contra Corinthians, São Paulo, Santos, Palmeiras, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Internacional e Grêmio, sem contar clássicos contra Atlético e Cruzeiro. A diretoria americana estuda aumentar os preços dos ingressos, mas sem prescindir de promoções e ações de marketing. Na reta final da Série B, por exemplo, cada ingresso dava direito a cortesias para mulheres e crianças. “A promoção ajudou a aumentar o público presente em 2015, mas agora a gente precisa equilibrar essa equação. A gente vai buscar um preço justo [para os ingressos], compatível com espetáculo, que valorize o sócio e que seja atrativo também ao torcedor comum”, explica Paulo Assis, superintendente geral do América. “Para ter receitas boas, precisamos de uma média de 10 mil pessoas no Campeonato Brasileiro no ano que vem. Temos que ter isso na Série A. Tudo faz parte do planejamento que temos para 2016. Fizemos uma política para trazer o torcedor para o estádio nesta reta final de ano na Série B e deu certo. Temos que manter o torcedor perto da gente. Estamos olhando junto com nosso departamento de marketing uma forma de investir no sócio-torcedor para atrair mais torcedores”, conta Marco Antônio Batista, integrante do conselho de administração do clube. Em 2015, o Coelho levou 71.016 espectadores ao Independência durante a Série B e alcançou uma renda total de R$ 1.037.790. A perspectiva para 2016 é muito superior. Galo mais presente no Mineirão O Independência continuará sendo a principal casa do Atlético em 2016, com previsão de 24 partidas, mas a direção admite transferir mais compromissos para o Mineirão. O relatório com a previsão de orçamento para o próximo ano revela que o clube pretende “escalar” o Gigante em pelo menos dez jogos. Como comparação, esse é o número total de partidas disputadas pelo Galo no Mineirão, como mandante, desde 2013, ano da reinauguração. A opção pelo Mineirão passa pela torcida. De acordo com o relatório, o clube prevê públicos acima de 40 mil pessoas para os 10 jogos na Pampulha. Com um preço médio de R$ 34 no ingresso, a arrecadação esperada para essas partidas é de R$ 13,6 milhões. Provocação da torcida americana Na última semana, torcedores do América confeccionaram dez mil panfletos provocativos com uma ordem de despejo dirigida ao rival Atlético, insinuando que o Independência não comportará os dois clubes na Série A. A campanha sugeria que o Galo passasse a mandar seus jogos no campo do Santa Cruz, clube amador de Belo Horizonte, ou mesmo na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, ou no Ipatingão, em Ipatinga, na região do Vale do Aço. Mas o compartilhamento de um estádio entre dois ou mais clubes da mesma série está longe de ser uma novidade no Brasil. No Rio de Janeiro, por exemplo, Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo chegaram a utilizar o Maracanã ou o Engenhão simultaneamente em anos anteriores. Em 2016, a CBF deverá marcar jogos com mandos de Atlético e América em dias diferentes quando ambos optarem pelo Independência em alguma rodada. Outro meio de evitar a coincidência é conciliar partidas dentro e fora de casa. PM não prevê mais trabalho Mesmo com a possibilidade de maior presença de público no Independência em 2016 nos jogos do América contra os grandes clubes, o esquema de segurança da Polícia Militar não será alterado. Segundo a corporação, o comportamento pacífico da torcida americana não exigirá maior efetivo. “A torcida do América é ordeira e não tem muito problema. Ela não gera tanta confusão. O planejamento é feito jogo a jogo. Continuamos a fazer o mesmo serviço. Em um jogo do Flamengo, por exemplo, que o Independência deve receber mais público, a gente vai fazer o acompanhamento da torcida visitante, como fazemos sempre, e fazer a segurança de forma geral dos torcedores, dos moradores e de todos os envolvidos. O América não tem histórico de confusão, não tem torcida violenta, então, isso deixa as coisas mais fáceis”, afirma o comandante do Batalhão de Choque, o tenente-coronel Gianfranco Caiafa.

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