segunda-feira, 18 de junho de 2012

De saída, Dudu Cearense lamenta: "Não adianta treinar, treinar e não jogar"
Volante fala da sua saída do Atlético ao Superesportes
Rodrigo Fonseca - Superesportes
Thiago de Castro - Superesportes
Publicação:18/06/2012 18:07
Atualização:18/06/2012 19:54
Dudu Cearense ganhou títulos importantes no futebol brasileiro, no exterior e na Seleção. No Atlético, deixou a sua contribuição na decisão do Mineiro deste ano. No entanto, em mais de 14 meses de clube, fez apenas 17 jogos. Agora, o volante está de saída. Seus empresários e a diretoria alvinegra buscam uma definição amigável.

Em entrevista ao Superesportes, Dudu Cearense se mostra chateado com a saída do Atlético, lamenta a falta de oportunidades de atuar, diz que ficou pouco tempo no departamento médico, fala sobre o relacionamento com Cuca e o futuro. Confira:
Como você avalia a sua saída do Atlético?
É simples. Não faço parte dos planos do Cuca e do presidente.
Na sua opinião, qual é o motivo principal da sua saída?
Você tem que perguntar para o Cuca e o presidente.
Você disse que teve uma conversa com Cuca e parecia que seria melhor utilizado. Pouco tempo depois, você é liberado. A conversa ajudou menos do que deveria? Ou algo mudou nesse intervalo de tempo?
Mudou só o ambiente. Mas o pensamento é o mesmo. Por sinal, não posso mais ser utilizado, não faço parte dos planos. Mudou o ambiente, mas o pensamento é o mesmo.
Se o ambiente melhorou, a sua saída seria por opção técnica?
Opção dele (Cuca) e do presidente. Então, eu tive ordens do presidente, lá de cima. Sou empregado do clube, não estou liberado. Fui liberado para negociar minha saída, mas sou empregado do clube.
Dos grandes investimentos do clube nos últimos anos, você teve menos oportunidades de jogar, apenas 17 jogos. Por que, na sua opinião?
É por opção. Não tive a minha sequência, as oportunidades que queria ter. Quando tive oportunidade, dei meu recado. Agora, o que todo jogador precisa é de sequência. Não adianta você ter uma partida, jogar, ficar outra fora, entrar no segundo tempo... Então, não tem como você ter uma sequência boa nesse sentido. Mesmo assim, com as dificuldades, procurei dar meu máximo. Então, paciência. Estou saindo não é porque eu pedi para sair. Pediram a minha liberação. Eu falei, tudo bem. Manda quem pode, obedece quem tem juízo.
Sai chateado por não ter marcado seu nome positivamente no Atlético, como aconteceu em outros clubes que você atuou?
Claro que queria jogar, mas não pude jogar. A verdade é essa. Não tive sequência. Não tive como jogar. Fico chateado pelo fato de não ter oportunidade que qualquer jogador queria ter. Não tive, paciência. A vida continua.
Após uma saída e um tempo fora, você pretenderia jogar no Atlético novamente para mudar a história dentro do clube, caso mantenha vínculo com o Galo?
A diretoria e meu empresário estão vendo a melhor forma possível de fazer um acordo. Estou vendo várias propostas que estão acontecendo e estou analisando qual é a melhor. Vocês vão saber em breve.
Nota da redação: Dudu Cearense tem contrato até 30 de junho de 2014. Ele foi comprado por 1,1 milhão de euros (75% dos direitos econômicos).
Qual sua meta para o futuro? Atuar no Brasil ou no exterior? Alexandre Kalil disse que você recusou uma proposta da Turquia.
Prefiro não falar. Estou analisando a melhor proposta para que eu possa sair. Se tiver alguma coisa boa para meu empresário, para o Atlético, tudo direitinho, a gente pode dar o próximo passo. Estamos analisando. Vocês vão saber em breve. Que seja em breve, ou pode demorar 15 dias, um mês, dois meses, ninguém sabe. É ter calma nessa hora. Pertenço ao Atlético com dois anos de contrato e não estou com muita pressa. Estou paciente. Quando chegar o momento certo, vocês vão saber.
Você chegou no Atlético com algum problema no joelho, decorrente de uma cirurgia feita na Grécia? Demorou a ficar 100% novamente e adaptado ao futebol brasileiro?
Eu tive uma artroscopia em dezembro de 2010. A recuperação não foi muito boa. Tive um déficit de 50% na minha perna. Precisava recuperar minha força, minha forma física. Além de tudo isso, tinha a readaptação. Eu não tinha a minha sequência e o time estava para cair. Então, foi tudo em um momento só. Como não pude ter minha sequência, o time estava mal e não estava no ritmo que outros estavam. No Brasil, a maioria que voltou da Europa, teve essa sequência, mesmo com o time mal. Eu não tive isso. Então, tive paciência e aceitei numa boa. Pensei que em 2012 seria diferente, um campeonato novo. Foram várias mudanças que, naquele momento, não precisavam de mim diretamente. Como tinha contrato longo, 2012 seria muito melhor com pré-temporada, ano novo. Mas não aconteceu. Então, paciência. A vida segue.
Você chegou a jogar no sacrifício no ano passado?
O tempo de adaptação foi longo. Isso sem jogar muitos jogos. Se eu jogasse vários jogos, talvez a readaptação fosse mais rápida. O jogo é diferente de treino. A pegada é maior no jogo, envolve muitas coisas, emocional, a equipe. É diferente. Fiquei mais treinando. Aproveitei para fortalecer minha estrutura para, quando tiver a oportunidade, dar conta do recado.
Seu nome muitas vezes é relacionado a departamento médico. Como você vê essa questão?
Eu passei pelo DM como qualquer um passa, normal. Tive lesões normais. Quem fica muito tempo sem jogar, acaba o jogo e fica com um estresse maior, uma fadiga muscular, incômodo, é natural. Talvez, se eu jogasse direto, não teria esse incômodo. Eu fiquei pouco tempo no DM, só que o pessoal aumenta demais. Como eu não falava nada, ia para o DM e não falava nada. Mas cada jogador tem um relatório no Atlético. Vocês não têm acesso a esse relatório, mas se somar, fiquei uns 30 dias no DM. Não foi lesão grave, foi lesão normal, que qualquer jogador tem.
Nota da redação: Desde que chegou ao Galo, Dudu teve uma lesão (estiramento muscular na coxa direita em janeiro).
Na semana passada, Cuca falou que “se colocar a camisa, vai trabalhar como os outros jogadores”. Como você viu essa declaração?
Se ele falou isso, é um situação que ficou clara que a diretoria que decidiu. Foi uma decisão da diretoria. Como eu falei, manda quem pode, obedece quem tem juízo. Como faço parte do Atlético, tenho que sair de forma amigável, que todos saiam bem. Não estou desesperado, estou muito tranquilo. Não tem motivo nenhum para falar de mim. Como falei, se aparecer alguma coisa boa, eu vou sair. É esperar.
Para deixar claro, foi uma decisão da diretoria e não da comissão técnica?
Não sei. Não tem como declarar isso. Diretoria ou comissão. Não tem como responder. Estou só acatando uma ordem. Não sei se a decisão foi da diretoria ou da comissão, não posso dar certeza. Você deveria Na sua cabeça, você acredita em algum motivo da sua saída?
Eu faço meu trabalho. Se tiver algum motivo, que me falem o motivo. Se for lesão, qualquer um se lesiona, às vezes mais ou menos. Quando você é importante você sente. Quando não é importante, te dão várias desculpas. Só acatei uma ordem. Sou empregado do Atlético. Enquanto estiver no clube, obedeço e falo como atleticano ainda. Enquanto não sair, vou manter a mesma postura de sempre.
Você fica magoado ou encara essa saída de forma profissional?
Como pessoa, senti pelo profissional que eu sou. Tenho um código de honra comigo, que sou profissional onde tiver, com adversidade ou não. Sendo profissional, acontece. Você não consegue agradar a todos. Às vezes, o estilo não coube no Atlético. É difícil falar. Não consegui jogar. Quer dizer, não me deixaram jogar, praticamente. É como se você não pudesse fazer seu trabalho como queria realmente. Foram coisas que me atrapalharam. Mas, paciência e a vida continua.
Você acha importante deixar algum recado para o torcedor que se pergunta o motivo de você não ter dado certo no Atlético?
Não. Vou falar o que? Tenho que responder em campo. Não tive oportunidade para responder em campo. Não tenho que falar nada. É mostrar para o torcedor atleticano em campo. Não adianta falar aqui mil coisas. É em campo. A verdade é essa. Não posso responder em dois ou três jogos. Tem que ter sequência, 10 jogos. O próprio torcedor entende isso. É sequência e ritmo de jogo. Não adianta ficar treinando, treinando, treinando e não jogar. Mas vou ser profissional até o último momento no Atlético, treinando separadamente ou não. Queria responder em campo, mas não pude fazer isso. Paciência.

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