segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

25/01/2016 07:40 - Atualizado em 25/01/2016 07:40 Primeira Liga começa quarta-feira e promete ser um passo importante para a moralização do futebol Alberto Ribeiro e Gláucio Castro - Hoje em Dia Faltam dois dias. Caso não aconteça outra reviravolta, os primeiros passos concretos para o início da “libertação” do futebol nacional começam a ser escritos a partir da próxima quarta-feira (27). Batizada de Primeira Liga, a competição, criada e organizada pelo próprios clubes, teve vários conflitos e, em várias ocasiões, esteve ameaçada de não acontecer. Mesmo assim, a disputa entre clubes de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina é tratada por muitos como o embrião que o futebol brasileiro precisava para tentar se desvincular dos laços da CBF e federações estaduais. Como os jogos acontecerão paralelamente aos estaduais, alguns clubes, como Atlético e Grêmio, já confirmaram que irão colocar em campo equipes de suas categorias de base em algumas partidas. Diante de tantas nuances, a criação da Primeira Liga ainda é vista com certa cautela no mundo esportivo, mesmo sendo tratada como um avanço. “Se eu fosse consultado por alguma empresa para saber se deveriam investir na competição, eu falaria para não empregarem um centavo”, diz o especialista em marketing esportivo do país Amir Somoggi. “O problema é que os que organizaram a competição são os mesmo que elegeram o Marco Polo Del Nero na CBF, que apóiam o Delfim Pádua, na Federação Catarinense, e está há 20 anos no cargo. Apesar dessas questões, não deixa de ser um avanço”, completa. Para ele, a confirmação da competição com poucos dias para o início da disputa comprometeu qualquer ação de marketing da Primeira Liga. Já a principal entidade de defesa dos direitos dos atletas no país, o Bom Senso Futebol Clube, comemora o início da Primeira Liga. “Agora parece que vai sair mesmo. É uma evolução muito grande. A partir do momento em que você começa a se desvincular da CBF dá um passo importante”, avalia o ex-lateral-direito Ruy “Cabeção”, revelado pelo América e um dos integrantes do movimento. “A gente fica triste com os desentendimentos ocorridos durante a criação da Primeira Liga. Às vezes, as pessoas no poder se preocupam mais com o próprio interesse e isso atrapalha. Mas, querendo ou não, este é o primeiro passo para uma nova etapa no futebol brasileiro”, completa Ruy. Processo de criação do torneio teve capítulos de drama pastelão protagonizados por dirigentes Se está muito perto de se tornar realidade, a Primeira Liga teve capítulos de drama pastelão durante o processo de sua criação, protagonizados por personagens bem conhecidos do futebol mineiro. O presidente do Cruzeiro, Gilvan de Pinho Tavares, chegou a anunciar a saída do clube estrelado da disputa, mas acabou recuando. O próprio mandatário abandonou a presidência da Liga e reassumiu o cargo pouco tempo depois. Contratado para ser o gerente executivo da competição, o ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil, abandonou a disputa bem antes do início da competição. “São falhas que precisam ser corrigidas para o ano que vem. A competição foi criada da noite para o dia. Precisamos trabalhar melhor muitas questões para 2017. Mas antes os clubes estavam totalmente alinhados com a CBF e as federações. Agora eles viram que não é mais assim. O Fluminense e o Flamengo chegaram a ameaçar de não disputar o Carioca”, sugere Ruy Cabeção, do Bom Senso Futebol Clube. Enquanto algumas pessoas ligadas ao mundo esportivo ainda não estão 100% confiantes no sucesso da Primeira Liga, que pagará valores irrisórios pelo direito de transmissão, além de passagens aéreas e hospedagens, os dirigentes envolvidos estão otimistas com a novidade. “No futebol atual, no mundo e no Brasil, estamos lutando para fazer algo mais decente, com muito critério. A Liga foi criada para a moralização do futebol brasileiro”, sustenta Gilvan de Pinho Tavares. Um campeonato importante, dos 15 membros da Primeira Liga, 11 estão na Série A. Queremos avançar, mas sem qualquer atrito. Queremos a realização do campeonato, sempre buscando o diálogo. Ainda temos de acertar algumas questões com a CBF para ter uma liga harmônica e marcar este torneio, que deve crescer nos próximos anos”, comemora o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan. A reportagem tentou contato com o presidente do Atlético, Daniel Nepomuceno, mas o dirigente não atendeu as ligações para falar de sua expectativa para a Primeira Liga.

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