domingo, 6 de maio de 2012
Emoções de sobra, com ou sem multidões
Eugênio Moreira - Estado de Minas
Publicação:06/05/2012 09:59
Atualização:06/05/2012 10:09
A denominação de Clássico das Multidões, criada em 1948, não chega a ser tão precisa nos tempos atuais, mas o confronto América x Atlético reúne muita tradição e rivalidade. Principalmente nas décadas de 1910 a 1950, quando era o duelo que mais atraía a atenção, com grandes craques, jogos históricos e disputas memoráveis. Coelho e Galo já decidiram o título mineiro em três finais: 1958, 1999 e 2001. O Atlético levou a melhor nas duas primeiras e o América foi campeão na mais recente. Em 1948, o clássico pela última rodada do terceiro turno também valeu o caneco aos americanos, com a participação polêmica do árbitro inglês Mr. Barrick.
As confusões em 1948
América e Atlético chegaram à última rodada do Estadual de 1948 brigando pelo título. O clássico, em 28 de novembro, na Alameda, teve arbitragem do inglês Cyril John Barrick, que então apitava no Rio. Mas o jogo não chegou ao fim e ainda hoje é motivo de discussão. O Galo, dirigido pelo treinador Campeão, precisava apenas do empate para conquistar seu primeiro tri. Já o Coelho de Yustrich, se vencesse, voltaria a dar a volta olímpica depois de 24 anos. Os problemas começaram no fim do primeiro tempo. O América vencia por 2 a 0, gols de Murilinho e Hélio. O público era superior a 15 mil pagantes e parte do alambrado cedeu. Mr. Barrick interrompeu a partida, para que as vítimas fossem socorridas e para que se retirassem do campo os torcedores que haviam invadido a pista. Depois do reinício, Nívio diminuiu para o Atlético. Ao fim dos 45 minutos regulamentares, o árbitro determinou a troca de lado e reiniciou o jogo sem intervalo, pois ele havia ficado interrompido cerca de 20 minutos. No começo do segundo tempo houve outra confusão: Murilinho marcou o terceiro gol do América, mas os atleticanos alegaram que a bola havia entrado depois de ter sido empurrada por um guarda do lado de fora, junto à trave. Aos 22min, mais uma polêmica: Nívio chegou a marcar o segundo gol atleticano, mas o lance já havia sido interrompido pelo árbitro, que apontou impedimento. Os jogadores alvinegros partiram para nova reclamação e abandonaram o campo. A decisão prosseguiu no tapetão. O Atlético alegava que não havia abandonado a partida e voltaria tão logo o campo fosse evacuado. No Tribunal de Justiça Desportiva, saiu vencedor: os minutos restantes teriam de ser disputados. Mas o STJD, no Rio, já em fevereiro de 1949, confirmou o América como campeão.
Estreia oficial no Independência
O primeiro Clássico das Multidões por uma competição oficial no Gigante do Horto foi em 28 de dezembro de 1952, pelo returno do Estadual – em 22 de junho, partida por um quadrangular também com Cruzeiro e Fluminense foi vencida pelo América por 3 a 1. Com a vitória por 3 a 0, gols de Ubaldo (2) e Lucas, o Galo ficou bem perto do título, que conquistaria no domingo seguinte ao vencer o Siderúrgica por 1 a 0. O América, que se vencesse o clássico decidiria o campeonato com o próprio Atlético em melhor de três, conseguiu jogar bem apenas nos primeiros 20 minutos e ainda perdeu pênalti, batido por Petrônio e defendido pelo goleiro Sinval.
Dupla vitória alvinegra em 1958
No Mineiro de 1958, o Atlético foi o campeão do turno e o América do returno, depois de desempate contra o Cruzeiro. A decisão foi em duas partidas no Independência, ambas vencidas pelo Galo por 1 a 0, sob o comando de Abdo Arges. Na primeira, em 19 de abril de 1959, o gol foi de Ubaldo, aos 26min do segundo tempo. Quatro dias depois, Alvinho foi o autor do gol do segundo triunfo, aos 30min de jogo. A equipe base atleticana era: Veludo; Anísio e Benito; William, Barbatana e Haroldo; Nílson, Colete, Ubaldo, Alvinho e Dino.
O primeiro no Mineirão
“Um clássico tumultuado e sem vencedor.” Essa foi a manchete do Estado de Minas de 12 de outubro de 1965 sobre o primeiro clássico entre as equipes no Mineirão, dois dias antes, que terminou 1 a 1. Roberto Mauro marcou para o Galo, aos 39min do primeiro tempo. Samuel empatou aos 16min do segundo. A confusão ocorreu nove minutos depois. O árbitro Doraci Jerônimo anulou gol de Roberto Mauro, atendendo indicação do assistente João Miguel Andére, que apontava toque de mão do atacante. Houve reclamações de ambos os lados e o jogo ficou paralisado por 10 minutos. O atacante americano Geraldo acabou expulso.
Reclamação americana em 1999
As equipes terminaram a segunda fase do Estadual de 1999 nas primeiras posições e foram para a decisão. O Atlético do técnico Dario Pereyra saía com um ponto de vantagem, pela melhor campanha. No primeiro jogo, em 27 de junho, o América venceu por 2 a 1. Em 1º de julho, o empate por 1 a 1 forçou o terceiro clássico, no dia 4. Curiosamente, depois de contar com arbitragem de fora nas duas primeiras partidas (Paulo César de Oliveira em ambas), o jogo decisivo teve árbitro mineiro: Lincoln Afonso Bicalho. E os americanos até hoje reclamam do pênalti que resultou na vitória ao Galo, convertido por Lincoln. Marques teria feito falta em Ruy antes de ser puxado pelo adversário junto à linha de fundo.
Goleadas nas finais
No Estadual de 2001, América e Atlético venceram seus grupos na segunda fase e fizeram a decisão. No primeiro jogo, em 27 de maio, o Coelho, sob o comando de Lula Pereira, que salvara a equipe do rebaixamento na primeira fase, goleou por 4 a 1 e abriu boa vantagem para a segunda partida, sete dias depois. O Galo chegou aos 3 a 0, que lhe dariam o título, aos 17min do segundo tempo. Mas o gol do jovem Alessandro (hoje novamente na equipe alviverde), aos 32min, garantiu aos americanos seu 15º e último título mineiro.
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