sexta-feira, 20 de março de 2015

27/01/2015 09h05 - Atualizado em 27/01/2015 10h54 Mãe de jogador do Atlético-MG conta que vendeu casa para ajudar o filho Thales Henrique está na base do Galo e a mãe vive em Ariquemes, RO. Ela vendeu a casa para ajudar a custear viagens do filho para testes em clubes de outros estados Por Franciele do Vale As fotos do jogador estão por todos os cantos da sala. Seus primeiros passos com a bola nos pés também foram cuidadosamente registrados pela mãe coruja, que é só orgulho quando se trata do filho. As medalhas conquistadas em campeonatos de futebol pelo país se misturam às medalhas em jogos escolares de Rondônia, onde Thales Henrique nasceu. Para Wilde Cândido da Silva, a mãe, todas têm valor único e especial, pois fazem parte da trajetória do morador de Ariquemes que aos poucos começa a ver seu sonho de ser jogador profissional de futebol, virando realidade. Ele saiu dos campinhos de várzea do município no Vale do Jamari (RO) para grandes arenas do esporte no país, e atualmente ocupa um lugar nas categorias de base do Atlético-MG. Mãe exibe com orgulho fotos e medalhas conquistadas por Thales Henrique, do Atlético-MG (Foto: Franciele do Vale) Com18 anos, Thales tem contrato com o Galo até 2017. No ano passado, disputou a Copa do Brasil no time profissional e há dois anos joga a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Antes de ser uma das promessas da base do time, Wilde conta que desde muito pequeno o filho é fanático pelo mundo da bola. As janelas e objetos da casa eram alvos dos chutes precisos do garoto, que não soltava o brinquedo preferido. Primeiro dentro de casa, depois com colegas na rua. De tanta fome de bola, não teve outro jeito a não ser inscrever o filho numa escolinha de futebol da cidade. Aos sete anos Thales já se destacava entre as demais crianças, e aos nove foi chamado para fazer uma de quatro etapas de testes na base do São Paulo. O garoto passou nas três primeiras fases, mas quando chegou na quarta, o dinheiro da mãe não dava mais para custear as idas e vindas de São Paulo a Rondônia. A tristeza por perceber que o lado financeiro poderia atrapalhar a realização do sonho de Thales deixou dona Wilde abalada. Ela percebeu que para o jovem jogar nos grandes centros e ter uma base que o desse condições para se desenvolver, seria necessário investir no garoto. Foi aí que ela tomou uma decisão que poderia resolver o problema das viagens: a venda da casa onde os dois moravam. - Sempre quando ele tinha que viajar para fazer algum teste eu buscava ajuda de órgãos públicos, mas nunca ninguém se prontificou e tudo saía do meu bolso. Houve um momento que não tava mais dando para pagar as viagens dele. Aí eu tomei a decisão drástica, mas consciente, de vender a nossa casa. Não me arrependo. Tudo que faço por ele é por amor e por acreditar que meu filho tem talento, habilidade e muito caráter para vencer nessa vida. Eu e ele somos um só, e o que eu puder fazer pela felicidade do Thales, eu farei - disse. Com a ajuda e carinho materno, Thales foi se desenvolvendo cada vez mais e chamando atenção de olheiros. Aos 13 anos ele fez teste no clube Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, e passou. Ele ficou um ano na base clube. De lá foi para o Guarani e permaneceu por dois anos. Num dos jogos, um olheiro fez o convite para ele jogar na base do Atlético-MG, onde está até hoje. Após vender a casa, Wilde passou a morar numa residência alugada em Ariquemes. Em um dos quartos da casa, estão o guarda-roupas e a cama de Thales. Os objetos são poucos usados, já que ele vive no Centro de Treinamento. As visitas a cidade natal são raras e o coração de mãe sofre por ficar muito tempo longe do filho. Apesar de ter saído de casa ainda quase criança, ela conta que a saudade é um grande desafio a ser vencido. - Quem é mãe sabe que não é fácil ficar longe da cria, mas é o sonho dele. Se ele estiver feliz e realizado, eu também estarei feliz e realizada. A vida tem dessas coisas e é preciso saber que é o caminho que ele escolheu. Quando ele precisar, o colo de mãe está aqui pronto para acalentar. Neste ano Thales atuou na Copa São Paulo de Futebol Júnior e fez um dos gols de pênalti da partida que classificou o time para as quartas de final e levou à eliminação do Flamengo, mas a eliminação viria dias depois e contra o São Paulo, por 4 a 0. A decepção bateu, mas Dona Wilde garante: logo o filho volta para matar a saudade.

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