quarta-feira, 12 de junho de 2019

Para reduzir risco de perder talentos, Atlético-MG terá time de transição; diretor da base explica Júnior Chávare conta, de forma muito detalhada, por que o Galo precisa de uma categoria entre o sub-20 e o profissional: "No Brasil, 35% dos jogadores estouram entre os 23 e os 26 anos" Por Guilherme Frossard e Rafael Araújo — de Belo Horizonte 12/06/2019 03h15 Atualizado há 6 horas O Atlético-MG terá, muito em breve, uma equipe de transição. Será uma categoria intermediária, entre o sub-20 e o profissional, e a ideia é reduzir ao máximo o risco de perder talentos. A ideia foi revelada ao GloboEsporte.com por Júnior Chávare, novo diretor das categorias de base do Galo. O projeto também é abraçado por Rui Costa, que concorda com Chávare, com quem já trabalhou por um longo período, no Grêmio. Para os dois dirigentes, o time de transição é uma necessidade. - A gente tem que criar uma equipe de transição entre a base e o profissional. Não é uma equipe sub-23, é uma equipe de transição. É uma ideia que vamos apresentar para a diretoria (presidência). Eu, o Rui e uma boa parte das pessoas concordam: temos que ter mais esse tempo de maturação de jogadores que já estão no Atlético. A equipe de transição do Atlético não é para contratar jogador, não é para trazer jogador de fora, fazer experiência. É simplesmente para a gente poder dar mais tempo para os nossos jogadores, os que aqui estão, para que possam maturar - explica Chávare. Por que não é uma equipe sub-23? Qual a diferença? O diretor explica. Ele também conta qual é o planejamento de jogos para o novo grupo. - É uma ideia que estou compartilhando, mas ainda vamos apresentar para a diretoria (presidência), para evoluir. Quando eu falo que não é o sub-23 é porque as equipes sub-23 do Brasil acabam virando grandes nichos de contratações. Se contrata muito para o sub-23. O conceito não é esse. É aproveitar os que estão aqui, mas com uma comissão técnica independente, um trabalho independente, e participando de competições e excursões. É muito importante a gente começar a dar uma bagagem internacional e até de outras regiões do país. Você sai, faz amistosos por São Paulo, no Sul do país... Você vê diferentes escolas, observa diferentes jogadores. Transição é isso: mais uma etapa para o jogador que está sendo formado. Mais paciência, menos erro Para sustentar o projeto que será apresentado à presidência do Atlético, Júnior Chávare traz um número interessante. "Temos uma estatística muito relevante: dos jogadores que estouraram no Brasil, em alto nível, 35% estouraram entre 23 e 26 anos. São muitos exemplos. A gente lembra dos principais, mas quantos estão jogando aí e efetivamente estouraram mais velhos?" - O jogador no último ano de sub-20 fica angustiado. "O contrato está acabando em dezembro, o que eu faço?" E aí? Há um grande equívoco em achar que todo jogador está preparado aos 17, 18 anos para a equipe principal. Isso não é a verdade. A exceção diz isso. A partir daí, temos que trabalhar firmemente para que a gente possa maturar o jogador, preparar o jogador. É um ser humano, cada um tem seu tempo. Irmãos gêmeos têm maturação diferente. Não podemos abrir mão disso. Temos que ter um trabalho para que o índice de perda seja o mínimo possível. "Na Série A do Brasileiro nós escalamos dois times de ponta de jogadores que foram dispensados das bases dos clubes e estouraram dois, três, quatro anos depois" A equipe de transição será, no Atlético, uma espécie de espelho do profissional em metodologia, treinamentos, etc. A ideia é, além de alongar o período de formação dos atletas, ter um grupo à disposição do time principal, em caso de necessidade. - O grande conceito é esse: a transição não é o sub-23. É um processo de formação. Terminar o processo de formação. E, basicamente, é o time que está sendo preparado e observado pela comissão técnica do principal. A hora que ele tem uma necessidade, pode usar. E aí tem toda uma sistemática. Treinos em paralelo, em horários similares, em que haja sempre a participação da comissão técnica do principal, sempre observando. Tudo isso a gente vai conseguir fazer a integração. Vale lembrar que o Galo tentou algo parecido em 2017, com o time B, mas, naquela ocasião, sem sucesso. Vale destacar, porém, que o projeto na ocasião foi liderado por uma outra diretoria, outro coordenador da base e profissionais que não estão mais no clube. Agora é a vez de Rui Costa, Júnior Chávare e companhia. Os resultados, claro, serão avaliados no futuro.

Nenhum comentário: