sábado, 24 de fevereiro de 2018

Galo doido? Nada disso! Atlético-MG com Thiago Larghi é "Galo pé no chão" Treinador interino dá, em pouquíssimo tempo, uma nova cara ao time, que parece ser mais compatível com o elenco que o clube tem à disposição nesta temporada Por Guilherme Frossard e Rafael Araújo, de Belo Horizonte 24/02/2018 05h11 Atualizado há 12 horas O torcedor atleticano se lembra com muito carinho, claro, das conquistas da Libertadores e da Copa do Brasil, respectivamente, em 2013 e 2014, dois dos grandes títulos da história do clube. Nas duas competições, o time mostrou um padrão de jogo no estilo "Galo doido". Muita ofensividade, um time quase "kamikaze" em alguns momentos, que levava muitos gols, mas também marcava muitas vezes e, assim, levantou as taças. Os anos passaram, o "Galo doido" foi perseguido em outras temporadas, mas não conseguiu mais ter sucesso. O time mudou, os profissionais mudaram, e agora está claro: aquela ideia de jogo ficou para trás, especialmente com Thiago Larghi no comando. O treinador, ainda interino, já declarou algumas vezes que se preocupa muito com a defesa na montagem do time. Em campo, é nítido: a primeira preocupação do Atlético-MG tem sido não sofrer gols, e o contra-ataque tem sido o método usado na maioria dos lances de gol. Otero, um dos principais jogadores alvinegros, confirma que tem sido essa a lógica dos treinos e jogos do Galo sob comando de Thiago Larghi. - A gente está muito concentrado em não tomar gol. A gente entra muito focado no jogo, naquilo que a gente tem que fazer, que vem fazendo no treino. Muito focado nas bolas paradas, no contra-ataque, para sair muito rápido. Nos dois últimos jogos, deu tudo certo. Além de não sofrer gols, o time marcou muitos. Foram três contra o América-MG e quatro contra o Botafogo-PB, o que empolgou muito a torcida. É óbvio que as goleadas não acontecerão sempre, mas, caso Larghi seja mantido, o torcedor atleticano pode se acostumar em ver um time mais cauteloso em campo, que propõe menos o ataque, mas que tem tudo para ser mais vitorioso. O motivo? A concordância entre a ideia de jogo e o elenco disponível. O Galo não tem mais jogadores brilhantes no ataque como tinha em 2013 e 2014. Na época, o time podia levar dois, três, mas a torcida tinha a tranquilidade de que Ronaldinho decidiria lá na frente, Tardelli guardaria o dele, Jô, em grande fase, não decepcionaria. Foi assim que a receita funcionou naquelas ocasiões. O time atual é menos brilhante, mas, de modo geral, mais consciente e com muita velocidade, o que indica justamente o que está acontecendo: o ideal é uma estratégia menos propositiva e mais responsiva. O time tem meias habilidosos e velozes, como Cazares e Otero, ideais para puxar contra-ataques - como fizeram muito bem na última partida, por exemplo. Tem jogadores que atuam pelos lados do campo com muita velocidade, essenciais para essa proposta de jogo. É o caso de Róger Guedes e Erik, recém-contratados, de Luan e de outros atletas importantes. E tem, além de tudo, um centroavante que, apesar de ser matador, o homem de área, sabe se movimentar e colaborar nas jogadas trabalhadas. Ricardo Oliveira já mostrou que não vai "ficar para trás" quando o time precisar dele para aparecer com rapidez na área. Ele tem conseguido chegar e guardar. Com Larghi, o "Galo doido" vai ficar, por ora, apenas no imaginário do torcedor. O time já demonstrou que será o "Galo pé no chão". Larghi pé no chão O discurso "pé no chão" não combina com Thiago Larghi apenas do ponto de vista tático. Combina, também, com sua personalidade. Os bons resultados conseguidos por ele geraram uma expectativa em relação à sua efetivação como treinador do time. As perguntas dos jornalistas a ele são, quase todas, nesse sentido. E as respostas também são parecidas e completamente precavidas. - A minha condição permanece a mesma. Continuo como auxiliar do clube, auxiliar da casa. É com satisfação que exerço essa função. Sigo no meu papel. O técnico demonstra muita humildade, mas essa é uma coisa que não dá para cobrar do torcedor. Após a vitória maiúscula sobre o Botafogo-PB, na última quarta, várias brincadeiras apareceram na internet, comparando Larghi, inclusive, com Guardiola, técnico espanhol do Manchester City. O que o "Guardilarghi" (apelido dado pelos torcedores) tem a dizer? A resposta é no padrão "pé no chão". - Recebi algumas. Acho gratificante, mas os dois pés estão bem fincados no chão, porque isso ainda é uma coisa bem distante. Agradeço, admiro as brincadeiras, mas vejo com seriedade. O papel aqui é esse e o momento exige seriedade. A gente ainda tem uma caminhada muito longa pela frente. O trabalho tem que ser feito jogo a jogo, passo a passo. Manter o grupo focado para o jogo de domingo agora, que é o jogo mais importante que a gente tem. Compenetrado, consciente e humilde. São adjetivos que podem ser usados para Thiago Larghi e para o Atlético-MG de Thiago Larghi. Tem mais um: sério. - Thiago é um cara bacana, muito sério no trabalho. Até brincava mais com o Oswaldo do que com ele. Ele é sempre sério. No treinamento é sério, fora do campo é sério também. Acho isso muito bom. Treinamento não é para brincar. Feliz de tê-lo aqui. Ele quer ajudar a gente - disse Otero. - As pessoas próximas a mim falam que sou sério, então acho que sou sério mesmo. No campo, tenho que levar com seriedade. Sempre tem um adversário qualificado do outro lado. A gente precisa defender e atacar, essa é a dinâmica do futebol. A gente tem que ter uma defesa sólida e um ataque eficaz. É em busca disso que a gente trabalha - concluiu Larghi.

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