segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

'Nem os pernilongos seguraram o Galo' Luiz Carlos Alves* esportes@hojeemdia.com.br 19/12/2016 - 13h29 - Atualizado 13h38 Eram quase 8 da noite de sexta-feira passada, quando recebi uma simpática mensagem-convite do repórter Frederico Ribeiro, deste “Hoje em Dia”, para escrever um texto destinado à edição desta segunda-feira. Motivo: a vitoriosa campanha do Atlético no Brasileiro de 1971. Topei na hora, porque além da importância do jornal e de um encontro com seus leitores, eu teria a satisfação de voltar à uma época muito agradável na minha vida profissional. No entanto, pedi um tempo para entregá-lo, pois, antes de tudo, precisava fazer uma busca na minha memória sobre todos os momentos que levaram o Galo ao título. Nessa viagem ao tempo me lembrei que há uns tantos anos escrevi para a “Revista do Galo” sobre os últimos dias que antecederam à partida contra o Botafogo. Contei detalhes de uma estratégia de Telê Santana para isolar o time da euforia reinante na torcida atleticana sobre a provável conquista. O sábio Telê concentrou a equipe no seu clube social, o Pinheiros, na baixada fluminense, longe de BH e numa região de difícil acesso para torcedores e a mídia carioca. Mas permitiu a três repórteres se concentrarem juntos com o time: eu, pela Rádio Itatiaia; Alair Rodrigues, pela Inconfidência; e Mauro Neto, pela Guarani. O mestre preservou a tranquilidade de todos nessa fuga do oba-oba, garantiu os segredos táticos dos derradeiros treinamentos num bom gramado e não deixou que qualquer tipo de clima, do tipo “já ganhou” ou “já perdeu”, atingisse o aspecto psicológico de seus jogadores. Nós, os repórteres, nos encarregamos de abastecer a delegação de boas notícias, principalmente aquelas oriundas de suas famílias. Reprodução / N/A Telê carrega a Taça e dá entrevista a Luiz Carlos Alves no Maracanã Luiz Carlos Alves entrevista Telê Santana após ​a vitória contra o Botafogo no Maracanã Por outro lado, exportamos pelo ar e para o Rio de Janeiro e todo o país, através de nossas ondas médias e curtas, muito poderosas à época, a certeza de que o Galo iria altaneiro para o jogo. E foi. Estava muito preparado para ganhar o campeonato, apesar de ter ido para o Maracanã todo picado por pernilongos, porque o calor dos alojamentos de madeira e a vegetação do local eram propícios para a proliferação desses mosquitos, que fizeram grandes festas com o nosso sangue. Dormimos mal e pouco. Porém, ninguém reclamou. A autoridade conquistada por Telê, e jamais imposta, prevaleceu, apesar das irritantes coceiras. Não posso deixar de lembrar seis figuras importantíssimas para o Galo vencer tanto time bom em 71: os médicos Roberto Carlos Duarte, hoje uma referência na oncologia brasileira, e o saudoso Haroldo Lopes da Costa; os preparadores físicos Roberto Bastos, o Kafunguinha, e Leo Coutinho, ambos ainda entre nós; o massagista Gregório e o roupeiro Valter Lopes, já falecidos, e que nos bastidores e cuidados, muito contribuíram para aquela memorável conquista. Um dia contarei sobre eles e lhes darei mais crédito, porque sobre os jogos, passes e gols, todos já sabem. *O jornalista Luiz Carlos Alves escreveu a convite do Hoje em Dia. Ele era o setorista do Atlético na Rádio Itatiaia naquele ano glorioso e é uma das testemunhas históricas dos baStidores do time campeão. Hoje, presta serviço de assessoria para a Multimarcas Consórcios.

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