sábado, 17 de agosto de 2019

Preparador físico do Atlético-MG explica melhora pós-Copa América e trabalho em calendário cheio Daniel Félix, contratado durante a pausa do Brasileirão, conta como é feito o trabalho de integração no departamento de futebol do Galo antes de início de nova maratona de jogos Por Rafael Araújo — de Belo Horizonte 17/08/2019 05h06 Atualizado há 12 horas As próximas duas semanas serão decisivas para o Atlético-MG, que volta a encarar uma pequena maratona de jogos após duas semanas sem partidas nas terças ou quartas. A semana cheia, sempre pedida pelos treinadores, chegou para Rodrigo Santana, que conseguiu trabalhar bem a equipe, juntamente com a comissão técnica. Um dos nomes que ajudou nesta preparação é Daniel Felix, preparador físico contratado pelo clube na pausa da Copa América. Daniel passou por um processo seletivo feito por Rui Costa, que buscava maior qualificação para a preparação física atleticana. Com passagens por Botafogo, Criciúma e Flamengo, o profissional tem atuado no dia a dia da Cidade do Galo e trouxe uma melhora física para o elenco. Quando o calendário "congestiona", palavra utilizada pelo próprio Daniel Félix, a prioridade é a recuperação física. O tempo obtido nas duas últimas semanas foi fundamental para o Atlético recuperar alguns atletas e conseguir evoluções físicas no elenco. - Quando o calendário congestiona, a gente acaba que não tem tempo para treinar. O objetivo muito maior é regenerar e fazer a véspera de jogo voltada para questões táticas e técnicas. A gente não treina, recupera os caras. Essas duas semanas cheias que tivemos foram muito enriquecedoras. A gente precisava recuperar alguns atletas. A gente tem uma média de idade mais alta do que o padrão, a gente precisava retomar alguns estímulos de força e potência, fazendo com que eles evoluíssem nessas características. Fazer eles resistirem um pouco mais às altas intensidades que são impostas nos momentos mais críticos do jogo, mas para isso precisa de tempo. Precisa de semana cheia. A gente não consegue com o grupo 1, que são os que jogam com mais regularidade, não consegue estimular isso quarta e sábado. A semana abriu, a gente conseguiu individualizar o processo e retomar umas valências que precisava fazer – explicou o preparador. Sem muito tempo para treinar com jogos no meio e no fim de semana, Daniel Félix ressalta a importância de trabalhar em conjunto com outros setores do futebol do clube e, principalmente, com Rodrigo Santana. O que acontece, hoje em dia, com esse calendário muito cheio, é fazer a coisa embasada com a parte técnica e tática. A facilidade que tenho hoje, de prescrever e influenciar nos jogos e nos conteúdos que o Rodrigo quer, de acordo com o modelo de jogo que ele estabeleceu, é uma facilidade muito grande. - A gente prescreve hoje 90% da carga de trabalho baseada nos jogos e nas questões técnicas e táticas. O Rodrigo entende como manipular os jogos, baseado no modelo de jogo. Então, a gente consegue encurtar os caminhos para a performance. Fruto da integração. Essa integração acontece diariamente na Cidade do Galo, com reuniões pré-treino para traçar estratégias e tomar decisões, além de entender o que está acontecendo com a fisiologia, a preparação física e o comando técnico. Melhora pós-Copa América Daniel Félix chegou após a Copa América e encontrou um time bom fisicamente, mas que poderia render mais. Foi isso que ele buscou encontrar e aprimorar, principalmente pela alta média de idade do elenco. O calendário não favoreceu o primeiro semestre. Isso foi muito pesado e sem dúvida alguma influenciou no que se via dentro de campo. - Eu não posso falar muito, porque a gente jogou um jogo contra o Atlético (pelo Flamengo) e, mesmo com um a menos, o time foi muito bem. O que ficou na minha memória foi um time com um coração muito grande. O que recebi de retorno do pessoal do Centro de Excelência era um retorno muito bom em relação à capacidade cardiorrespiratória e o que a gente procurou influenciar era na força. Um time com uma média de idade um pouco mais alta, precisa realmente de um programa mais individualizado de treinamento - disse o preparador, que complementou. - Existe aqui no Atlético um corpo de profissionais muito qualificado. O que eu recebi aqui foi um clube de portas abertas para entender tudo que queria de metodologia, todas as transformações que eu queria que acontecessem na sala de força. Uma das coisas que fiz foi direcionar a metodologia mais baseada em peso livre e movimentos específicos. Eles acolheram isso de maneira rápido e isso acabou refletindo no campo. A gente tinha um time qualificado fisicamente, que a gente conseguiu torna-lo ainda melhor. Daniel Felix no aquecimento antes de um dos treinos na Cidade do Galo — Foto: Bruno Cantini / Atlético-MG Daniel Felix no aquecimento antes de um dos treinos na Cidade do Galo — Foto: Bruno Cantini / Atlético-MG Daniel Felix no aquecimento antes de um dos treinos na Cidade do Galo — Foto: Bruno Cantini / Atlético-MG De olho em 2020 No Atlético-MG há quase dois meses, Daniel projeta o trabalho ideal na próxima pré-temporada. Até lá vai conhecendo melhor os atletas e a rotina do clube. - Quando a gente fala em treinamento e performance, toda ciência fala em médio e longo prazo. A gente tem que respeitar isso, procurar fazer um dia a dia muito forte, onde a informação e a comunicação sejam muito eficientes. Temos reuniões interdisciplinárias diárias para fazer com que a coisa aconteça na prática. Todos são conhecedores do processo de tomada de decisão, todos os processos definidos no dia a dia do clube, mas isso demanda tempo, para os atletas como é o treino de força, o que precisam fazer de individualidade. Cada um tem sua ficha, tem o seu programa de treino que é feito no pré-treino. O que eles fazem de complemento? Que dia podem fazer complemento? Quais são as dinâmicas que a gente faz no campo? Como essa sobrecarga é analisada pela fisiologia? Como a gente pode progredir no dia a dia? Isso tudo é com o tempo. Qual semana podemos dar um estímulo a mais de acordo com o calendário? Eu, que estou chegando agora, demanda tempo para conhecê-los mais profundamente. Esse tempo de seis meses ou um pouco mais via ser suficiente para estar tudo rodando redondo e eu tenho certeza que isso vai acontecer. A maratona de jogos do Galo, nas próximas duas semanas, começa neste sábado, às 19h (de Brasília), contra o Athlético-PR, na Arena da Baixada. Na terça-feira (20) o Atlético encara o La Equidad, no jogo de ida das quartas de final da Copa Sul-Americana, no Independência. Depois, o adversário será o Bahia, novamente em casa, no dia 24. O duelo de volta contra La Equidad será dia 27. Após voltar da Colômbia, o time alvinegro tem o Corinthians pela frente, em São Paulo, no dia 1º de setembro.

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