sexta-feira, 2 de novembro de 2018
Do abismo à glória: há 10 anos, Alexandre Kalil tomava posse como presidente do Atlético
Henrique André*
hcarmo@hojeemdia.com.br
30/10/2018 - 06h30 - Atualizado 08h50
"O Atlético tem uma casa (Independência) e um salão de festas (Mineirão). Tem um elenco que deu dois bailes na Copa do Brasil. Provou que está forte. O caminho vai ser feito e é um caminho sem volta para o clube". Foram com estas palavras que, em 30 de novembro de 2014, Alexandre Kalil se despediu da função de presidente do clube de coração.
Contudo, tudo começou de forma bem diferente para o atual prefeito de Belo Horizonte. Há exatos 10 anos, o filho de Elias Kalil era eleito para comandar o alvinegro e recolocá-lo nos trilhos. A crise na época vinha preenchida de dívidas, sustos com risco de um novo rebaixamento e elencos limitados.
Na cadeira "mais importante do Estado", como ele definia o posto de presidente do Atlético, Alexandre Kalil - o "presidente do Twitter" - permaneceu por seis anos. Neste período, arrumou a casa, elevou o time de patamar no cenário nacional e também no exterior e foi um dos responsáveis diretos pelas maiores conquistas recentes do clube: a Libertadores de 2013, a Recopa e a Copa do Brasil de 2014.
História no Atlético
No início dos anos 80, quando o pai, Elias Kalil, chegava à presidência do Atlético com a missão de formar um elenco de ponta para brigar de igual para igual com os grandes clubes brasileiros, Alexandre, ainda jovem, foi nomeado para dirigir o voleibol do Galo.
Na função, o hoje prefeito buscou no Minas Tênis Clube alguns dos grandes jogadores que atuavam no esporte mineiro, como Pelé, José Roberto Guimarães, Helder, Badalhoca e outros. Em menos de cinco anos, o clube conquistou 4 títulos estaduais e 3 metropolitanos. Em âmbito nacional, figurou entre os melhores, mas não chegou a superar os dois principais elencos daquela época: Bradesco e Pirelli.
No dia 14 de outubro de 1999, Alexandre foi nomeado presidente do Conselho Deliberativo do clube. Em 2004, foi reeleito para o posto, no qual permaneceu até 2006.
CARLOS ROBERTO/ARQUIVO HOJE EM DIA–24/7/2013
Alexandre Kalil
2009
Dois anos depois, a missão de assumir a presidência do alvinegro foi aceita sem pestanejar. Em 2009, Kalil montou uma equipe que era desacreditada por muitos, mas que acabou sendo um dos destaques do Campeonato Brasileiro. Na época, foram contratados jogadores como Diego Tardelli, Corrêa e Ricardinho. No final do ano, mesmo com o
Atlético fechando a competição em 7° lugar, venceu o Troféu Guará de melhor dirigente do ano.
Em 2010, veio o primeiro título como mandatário do clube. Sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, que chegou a Belo Horizonte bastante badalado, o clube conquistou o 40° título mineiro após duas vitórias diante o Ipatinga. Apesar de um segundo semestre ruim, o mandatário, que decidiu trocar o "professor por Dorival Júnior", também investiu na qualificação do elenco. Ele buscou nomes como Diego Souza (craque do Campeonato Brasileiro de 2009), Réver (3° melhor zagueiro do nacional anterior), Edison Mendez (craque da Libertadores de 2008), Obina, Daniel Carvalho, e outros.
Na temporada seguinte, após um pífio desempenho, veio o divisor de águas para o clube e seu presidente: a goleada sofrida contra o Cruzeiro, por 6 a 1, parece ter despertado o "gigante".
Em 2012, em meio à turbulência, Kalil conquistou seu segundo título, e de forma invicta. Após 36 anos, o Atlético terminou o Campeonato Mineiro sem ser derrotado por nenhuma equipe. Na decisão, o alvinegro derrotou o América após empatar o primeiro jogo e vencer a decisão por 3 a 0.
Para a disputa do Brasileirão, Kalil ousou e reforçou o Atlético com um jogador de grande nome: Ronaldinho Gaúcho; esta, talvez, a maior contratação da história do clube. O "Bruxo", inclusive, apelidou o dirigente de "Papai", após ter sido tratado como filho por ele.
Além da contratação do astro, Alexandre ainda buscou nomes de peso para a manutenção do elenco, como o goleiro Victor, o lateral Júnior César e o centroavante Jô. O resultado foi a classificação para a Copa Libertadores depois de 13 anos e o vice-campeonato nacional.
Já em 2013, Kalil garantiu a permanência de toda a equipe vice-campeã brasileira e ainda buscou grandes nomes para a disputa do torneio continental. O nome badalado e esperado pela torcida atleticana foi anunciado no dia 2 de fevereiro. Após quase 2 meses de negociações, Diego Tardelli era anunciado no twitter do presidente.
No mesmo dia em que anunciou o novo camisa 9 do Atlético, o presidente elogiou o Novo Mineirão, reformado para a Copa do Mundo do ano seguinte, mas afirmou que nos moldes apresentados pela Minas Arena, não interessaria ao clube. Com isso, o Atlético passou a mandar seus jogos apenas no Independência, também reformado antes do maior evento esportivo do mundo.
A manutenção dos principais jogadores na temporada garantiram um início avassalador na Copa Libertadores da América. De coadjuvante - para muitos - o Atlético saltou para favorito nos primeiros meses, quando terminou a primeira fase em primeiro lugar geral. Em paralelo, levou o Estadual em banho-maria até bater o Cruzeiro na decisão após um chocolate de 3 a 0 no Independência.
Mesmo com muita dificuldade nas fases decisivas da Libertadores, o Atlético conseguiu a conquista inédita após reverter o placar de 2 a 0 conquistado pelo Olimpia no Paraguai.
Bruno Cantini/Atlético
kalil
Antes mesmo da decisão, o presidente chegou a afirmar que a disputa na decisão já era uma mudança na história do clube e enfatizou o trabalho dos jogadores. "Nós realmente mudamos a história do Atlético. Agora e hoje eu sei disso. Até hoje eu não sabia. Eles estão de parabéns. São jogadores competentes e experientes, não são mais meninos.
Colocar um Ronaldinho concentrado durante cinco dias não é brincadeira. Acima de tudo, são sérios.", afirmou o presidente após eliminar o Newell's da Argentina.
No último ano como mandatário, após trocar Cuca por Paulo Autuori e depois por Levir Culpi, Alexandre Kalil ainda viu o clube levantar outros dois canecos: a Copa do Brasil, sobre o maior rival (Cruzeiro) e a Recopa, no duelo contra o Lanús, campeão da Sul-Americana do ano anterior.
Bruno Cantini / Atlético
Alexandre Kalil
(* Com GaloDigital)
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