segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Entrevista Experiente, Paulo Paixão fala sobre a expectativa de trabalhar no Galo O novo preparador físico do Atlético tem dois títulos em Copas do Mundo (1994 e 2002) e passagens por mais de dez grandes clubes do Brasil e do mundo Paulo Paixão Ele ainda contou sobre a relação com Oswaldo de Oliveira e o período sabático após a perda do filho Anderson Paixão, que morreu no acidente da Chapecoense PUBLICADO EM 18/12/17 - 03h00 Bruno Trindade @superfc Qual sua expectativa para trabalhar no Atlético? É a melhor possível, levando em conta que o Atlético é um dos grandes clubes do mundo. É um centro que a gente sempre teve vontade de trabalhar, mas, ao longo de todo esse processo da carreira, fui trabalhar na Rússia, no mundo árabe, em São Paulo, no Rio, ainda não tinha tido a oportunidade de trabalhar no Atlético. O Galo é um time vencedor. Nesta década, participou de várias decisões. Tudo isso aumenta a nossa responsabilidade e também nos enche de prazer para trabalhar. Não existe o medo, existe a responsabilidade. Ela faz com a gente capriche, busque a excelência no trabalho para que se atinja os objetivos de vitórias e conquistas do Galo. E não existe essa coisa de “o Paixão ganhou isso ou aquilo (se acomodou)”. Muito pelo contrário. Por ter alcançado vários objetivos por onde passei é que essa responsabilidade aumenta. Você recebeu o convite do Oswaldo? Recebi o convite do Oswaldo, o chefe da comissão técnica, com a anuência do presidente e, aí, a gente pôde dar sequência na conversa e teve o acerto. Você trabalhou com o Oswaldo em quais clubes? Nunca trabalhamos juntos. Sempre recebi convites da parte dele. Quando ele estava no Santos, ele me convidou para trabalhar na Libertadores. Mas eu estava no Internacional, no ano em que a gente foi campeão do mundo. Disse a ele que já tinha dado a minha palavra para a renovação com o Inter e ele entendeu. Somos amigos desde tempos atrás, de faculdade, de bairro, temos uma afinidade. Por que você deu essa pausa na carreira? Foi proposital, por conta dos acontecimentos da vida. Depois que saí do Sport (abril de 2016), foquei na reestruturação da família, netos, nora, esposa, enfim. Todo o processo de reconstrução da família. E por receber convites que não me foram convincentes como está sendo esse do Atlético. E tem isso também, de você sentir a convicção, de você estar seguro naquele convite de que vai poder fazer um bom trabalho. Estudei bastante neste período. Eu tinha um filho (Anderson Paixão, vítima do acidente da Chapecoense) que tinha doutorado, mestrado e tinha prática, estava na seleção, uma extensão incrível. Posso errar na minha profissão por querer acertar, mas errar por falta de embasamento não vai acontecer por aquilo que tinha no meu sangue, e nós (ele e o filho) discutíamos muito o trabalho, tanto na Chapecoense, na seleção como em outros lugares. Sempre conversamos muito, ele atualizado, eu me atualizando com ele. Você recusou o convite da Chapecoense. Seria difícil trabalhar lá por tudo que aconteceu? Não tinha como, nem vai ter como trabalhar lá por tudo o que aconteceu. É muito difícil. A gente estava tão somente há uma semana do acontecido. Depois do enterro, receber convite foi muito complicado, é a parte emocional da família (em 2002, Paixão tinha perdido um outro filho, vítima de parada cardíaca). Como fez para se atualizar após a morte de seu filho? Como falei, a gente tem um grupo de preparação física de todo o Brasil, com o Dudu (Eduardo Silva), do Cruzeiro, o Fabinho (Fábio Mahseredjian), da seleção, e mais de 50 professores. Trocamos artigos diariamente, trocamos ideias. A preparação física, como outra profissão qualquer, não para. Isso que nos dá a segurança. O que as Copas do Mundo que você participou contribuíram para a evolução do trabalho? Mundiais Interclubes, fui a três. Antes, era jogo único. Os Mundiais por seleção se resumem a sete jogos. Tem também as Copas Américas, as Copas das Confederações, onde fui tricampeão das duas. Ali não te dá o direito de errar. Você tem sete jogos para apresentar uma excelência física, técnica e tática, e não errar. Nem sempre você consegue essa excelência, é um processo evolutivo. Só a partir do terceiro jogo que você começa a evoluir técnica, tática e fisicamente. Tudo isso faz com que a gente venha a nos monitorar no trabalho para que a margem de erro seja pequena. Se a margem de erro é pequena, você está, consequentemente, trazendo uma possibilidade de alcançar a vitória. De qualquer maneira, todas essas competições nos deram a chance de segmentarmos cada vez mais, de tiramos conclusões até do próprio trabalho. O seu contrato com o Atlético é até quando? Você só chega em janeiro? Tenho detalhes para acertar com o Atlético. Depois que eu chegar, o presidente vai conversar comigo e, depois, a gente vai divulgar. Mas a questão de trabalho está toda definida. Vou chegar no dia 2 de janeiro à noite, para já trabalhar no dia 3. Tenho feito reuniões por vídeo com os colegas do Galo, o Robertinho (Roberto Chiari, fisiologista), com o Lasmar (Rodrigo Lasmar, médico), com o Luis Otávio Kalil (preparador físico). A gente tem conversado sobre todas as questões, lido relatórios, para estarmos bem informados sobre o Atlético. Conversei bastante com o Carlinhos Neves (preparador físico que deixou o clube). Como pretende desenvolver o trabalho no Atlético? Estou pegando relatórios. A partir deles é que vou desenvolver o trabalho.

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