sábado, 25 de novembro de 2017

Nepomuceno avalia gestão e opina sobre Oswaldo e Robinho: "Claro que manteria" Em longa entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com, presidente do Atlético-MG reconhece erros, acertos, comenta as trocas de treinador e garante: "O legado é positivo" Por Guilherme Frossard, de Belo Horizonte 24/11/2017 03h02 Atualizado há 21 horas Daniel Nepomuceno foi corajoso. Assumiu a presidência do Atlético-MG logo após a saída do dirigente mais vitorioso da história do clube: Alexandre Kalil. Iniciou a sua gestão, em 2015, com a obrigação de manter o time no altíssimo patamar que o "turco" deixou. Fez uma boa gestão do ponto de vista administrativo, geriu com sabedoria os cofres do clube, fez contratações de peso, alavancou o programa de sócio-torcedor, aprovou o projeto do estádio próprio, sonho antigo do Alvinegro. Em campo, bateu na trave com um vice-campeonato brasileiro e um vice da Copa do Brasil, mas não conquistou grandes títulos. O que faltou? Faltando menos de um mês para a eleição do novo presidente do Galo, Daniel Nepomuceno concedeu uma longa entrevista exclusiva ao GloboEsporte.com e passou a limpo a gestão. O capítulo final será a provável vitória de Sérgio Sette Câmara - o candidato da situação - nas eleições do próximo dia 11 de dezembro. Depois disso, Daniel vai cuidar da família com a sensação de dever cumprido, orgulhoso pelo que fez e com a certeza de um "legado positivo". Mas a intenção não é abandonar o Galo. Na entrevista, que durou quase uma hora, o dirigente falou sobre tudo, com muita sinceridade. Confira! GloboEsporte.com: De modo geral, como você avalia sua gestão como presidente do Atlético-MG? Daniel Nepomuceno: Nós tivemos os dois primeiros anos muito bons (2015 e 2016). No futebol não tem medalha de prata, mas se você considerar a história do Atlético, no primeiro ano pegamos o vice do Brasileiro. No segundo, o vice da Copa do Brasil. Preparamos tudo para, no terceiro ano, poder, aí sim, levantar (taças de expressão). Reforçamos ainda mais o time e trouxemos o treinador que todo mundo queria. No primeiro semestre, conquistamos o Mineiro em cima do maior rival, classificamos como primeiro geral na Libertadores e começamos o Brasileiro com uma partida excelente contra o Flamengo. Tinha tudo para dar certo. O que frustrou foi o segundo semestre. Foi o pior semestre dos três anos e aquém de qualquer expectativa, principalmente em casa. Como torcedor doente e apaixonado que sou, me cobro muito por isso. Ninguém se frustou mais do que eu. Futebol é isso, ele não perdoa. Tem que pensar nos erros para poder avançar e recuperar o tempo perdido. Financeiramente, os números são bons. Você aprovou o maior orçamento da história do clube, conseguiu grandes patrocínios, fez boas vendas e ampliou a Cidade do Galo, aumentando o patrimônio. Como você avalia a gestão de caixa do Atlético-MG nos últimos três anos? - O primeiro desafio é, realmente, substituir o Kalil. O Kalil levanta o gigante, ganha quase tudo que é possível em seis anos. Além de substituir a figura do presidente vencedor que foi, do líder que era, da pessoa carismática que é, você tem também essa obrigação de continuar disputando tudo, de levantar títulos. Esse foi o maior desafio. Foi um momento de muita coragem e de muita unidade, todo muito unido para dar continuidade. Todas as minhas gerações vão ter uma eterna gratidão pela oportunidade que me foi dada e pela confiança. E aí sim vem a cobrança, como tem que ser, e vem o desafio de continuar nesse patamar. Independentemente dos resultados, hoje o torcedor cobra um time com nomes fortes, cobra um elenco comprometido e um clube que esteja nesse patamar de receitas altas, de visibilidade. Ter alcançado um orçamento recorde foi marcante. A bola não ter entrado neste semestre preocupa muito, pois o prejuízo é imensurável. Infelizmente, teremos que equalizar isso no próximo ano, e o novo presidente não pode ser cobrado por esse déficit. Se a bola entra, você quase duplica a sua perspectiva de orçamento. O principal é patrimônio. O CT, que já era o melhor do Brasil quando assumi, foi melhorado, fizemos nossa parte, fizemos uma parte nova, novos campos. Melhoramos a sede, os clubes de lazer. Você melhora o patrimônio, e o mais importante é a questão do estádio. Você dá o primeiro passo para um sonho. Isso em um momento de crise do país. Acho que o maior legado que estou deixando é um projeto de um estádio totalmente sustentável, totalmente viabilizado, sem onerar em nada o dinheiro do futebol do clube e, principalmente, sem dever nada a ninguém. Esse conjunto faz com que os grandes jogadores sempre queiram vir para o Atlético. Isso nos ajuda a revelar e valorizar, com lucro para o clube. De todos os jogadores que vieram, aqueles que foram vendidos deram lucro para o clube. São grandes vendas. Carioca, Douglas (Santos), Pratto. Você compra por X, vende por 2X, 3X. É isso que movimenta o futebol. Tivemos garotos da base que também deram continuidade ao trabalho de formação. Estão aparecendo novos talentos. O lado futebol como retorno administrativo foi surpreendente. É uma pena, volto a dizer, um semestre tão ruim. Qual foi o maior acerto, na sua opinião, da sua gestão? Aquilo que você mais se orgulha. - Ter comigo toda a diretoria, em quase todo o tempo desses três anos, foi o maior acerto. Ter assumido a presidência e ser, aos 36 anos, o presidente pós-Kalil. Assumir a administração do clube que eu amo pós-Kalil é algo que tenho muito orgulho. Ter mantido toda a diretoria unida, ter sido um bom empregador, apesar dos resultados, ter o reconhecimento da torcida pelas contratações, pelo nível que o Atlético continua. Acho que não alcancei o que desejei ter alcançado, títulos grandes, como o legado que o Kalil deixou. Mas deixo um elenco que acredito, um treinador que soube extrair a qualidade do grupo e uma perspectiva de um ano (de 2018) bom. Estou seguro de que o legado é positivo. E qual foi o maior erro, o maior arrependimento? - Acho que não ter acertado a permanência de um técnico por mais tempo. Isso com certeza (me arrependo). Isso prejudicou, a conta chega. As pessoas costumam colocar muito a questão da direção de futebol, às vezes de maneira injusta. Foi algo imprevisível (falecimento de Eduardo Maluf). Como está a relação com Sérgio Sette Câmara neste momento de transição? Ele está preparado para assumir a presidência (caso eleito)? - Tanto ele, como o Lásaro (Cândido, candidato a vice-presidente), estão extremamente preparados. Como relatei, é um momento difícil, mas tenho certeza que eles farão o melhor no futebol. Falta pouco tempo para as eleições, a diretoria está unida. Não tem divisão. O momento é difícil, porque tenho que concentrar no futebol, eles têm que concentrar na campanha. Falta tempo para ambos. Mas a diretoria está muito unida, como sempre esteve. As pessoas estão lá dentro, colocaram a cara, estão se dedicando, conhecem o que estão fazendo. O Sérgio conhece o clube há 20 anos, sempre participou em todas as áreas. Como ele tem o conhecimento, independentemente de vencer ou não, irá se aprofundar e sairá mais exitoso. Está sendo super responsável. Você manteria Oswaldo de Oliveira e Robinho para 2018? - Claro! Claro que eu manteria. Futebol é resultado. Os dois já demontraram, os resultados que os dois mostram faz com que eles mereçam a continuidade. Isso é uma decisão do novo presidente, mas acho uma injustiça o que vejo com o Oswaldo. Ele tem contrato. Ele é empregado do clube até o fim de 2018. Não sei o que estão falando dele. Quem está falando em troca (de treinador) não é o Sérgio, o Daniel ou ninguém de dentro do clube. São especulações, principalmente na imprensa. Você não vê essa especulação com jogadores com contrato, e sim com o técnico. O Robinho tudo bem, o contrato está terminando, mas, como eu já disse, eu manteria. Mas a questão do Oswaldo eu não entendo por que todo mundo pergunta isso a todo momento. Ele está empregado (o contrato vale até o fim de 2018). Quando foi feito o contrato, foi feito para ele ficar, e ele está mostrando resultado. A maior vitória como presidente foi a aprovação do projeto do estádio? - Foi histórico o momento do Conselho. Foi um trabalho muito planejado, de quatro anos. De forma nenhuma pode ser creditado à minha pessoa. O sonho começa com Rubens e Rafael Menin (da MRV), envolve Ricardo Guimarães (presidente do BMG), os conselheiros, toda a diretoria, o presidente Rodolfo Gropen (do Conselho) e o ex-presidente Kalil. Não posso deixar de agradecer o apoio do Bernardo (Farkasvölgyi, arquiteto), do Pedro (Tavares, diretor de planejamento) e do Flávio (Guimarães, consultor financeiro). Foi um sonho perseguido por alguns, mas alguns que representam milhões. Mais do que o estádio, é o patrimônio, é para onde o futebol caminha. É enxergar grande. Os times estão reformulando estádios, trocando estádios. Isso é a vantagem. Não tem que inventar a roda, tem que copiar o que dá certo. Dentro dos argumentos que apresentamos sobre o estádio, o que mais chama a atenção é o rendimento financeiro que as novas arenas, bem administradas, dão aos clubes e, principalmente, o resultado em campo. O trabalho vai continuar para termos o estádio mais moderno, lucrativo e bem administrado do Brasil. O Atlético-MG chegou, recentemente, a 100 mil sócios. Você também vê como uma grande vitória da gestão? - Tudo é feito por uma equipe, uma equipe que se dedica, conhece muito o Atlético. O Galo na Veia é uma continuidade do trabalho da Adriana Branco. O Domênico, que está presente nessa entrevista, foi responsável pelo aumento dos números das redes sociais do clube. Os cinco anos consecutivos de Libertadores, a expectativa do estádio e o elenco que atrai novos torcedores são responsáveis, senão você não alcança esse número. Aprendi que marketing é bola na casinha, mas somente isso não basta. Temos sempre que buscar a fidelização dos sócios. Não adianta fazer um trabalho de marketing, querendo ter 100 mil sócios, se você não fideliza os 100 mil. É um trabalho que eu ressalto de muitos anos, de gente séria, em todos os setores. E agora você chega nesse número, reconhecido pelas empresas que medem os sócios. Isso traz um retorno financeiro muito grande. É um orgulho. E eu tive a sorte de ter alcançado esse número nos três anos. Em tudo que estou falando, tenho que ressaltar toda a diretoria, colaboradores e funcionários. Domênico (Bhering), Lucas (Couto), (Carlos) Fabel, Lásaro (Cândido), Sérgio (Sette Câmara), Emir (Cadar), Cacá (Moreno), Pedro (Tavares), Rodolfo (Gropen), (Rodrigo) Lasmar, João Avelar, Luana (Boldori), Castellar Guimarães, (Manoel) Saramago e André (Figueiredo). Toda a diretoria, todo mundo que trabalha. Você não começa com 100 mil sócios. O primeiro passo para ter 100 mil sócios foi trazer o Ronaldinho, foi com o Kalil. Começou lá atrás. Você traz o Ronaldinho, o cara quer ser sócio, quer ir em todos os jogos. Isso fideliza o clube, aumenta a torcida, principalmente a nova geração. A partir daí é uma sequência. Por que você optou por não disputar a reeleição no Atlético-MG? Sérgio Sette Câmara, favorito à presidência do Atlético-MG, é o candidato que tem apoio de Daniel Nepomuceno (Foto: Rafael Araújo) Sérgio Sette Câmara, favorito à presidência do Atlético-MG, é o candidato que tem apoio de Daniel Nepomuceno (Foto: Rafael Araújo) Sérgio Sette Câmara, favorito à presidência do Atlético-MG, é o candidato que tem apoio de Daniel Nepomuceno (Foto: Rafael Araújo) - Tomei a decisão no começo do ano. Lembro que estávamos no campo, comemorando o título mineiro, e falei com o Sérgio: “Ano que vem é você quem vai estar aqui levantando essa taça”. Tem nove anos que estou com dedicação ao Atlético. As pessoas têm vidas particulares. Tenho família. Conciliar Atlético com outra atividade é muito difícil. Dei minha participação, dei minha dedicação, minha saúde. A parte administrativa fica, ninguém esquece. E tem um outro lado: no momento que você tem uma equipe bem formada, com gente preparada, com pessoas com sangue para ajudar, não muda. Os resultados podem ser diferentes, mas a continuidade é importante. O Sérgio está preparado, é isso. Outra coisa: acho que seis anos para qualquer administração é muito, e três anos é pouco. Os mandatos tinham que ser de quatro, cinco anos, sem reeleição. É o ideal. Você consegue planejar e executar. Participei seis anos como vice, mais três (como presidente), são nove anos na gestão. Mais três (se fosse reeleito), seriam 12 anos. Para quem tem 39, estou falando de um terço da minha vida. É difícil. Um terço da minha vida. Eu saí porque estou com 39, entrei com 29. Ainda tenho toda a vida. Quando o Atlético foi campeão mineiro (de 2017), falei com o Sérgio: “Se prepara, ano que vem vai ser você”. É bom ressaltar. Parece que decidi quando o time caiu de produção. Tomei a decisão lá atrás. Qual será o seu papel na gestão de Sette Câmara, caso ele seja eleito? Vai permanecer atuando no futebol? - Presidente tem que ter autonomia total. O Sérgio e o Lásaro estão chegando, têm que ter autonomia total, a cobrança vai ser em cima deles. Terão que olhar para frente. Vou tentar, caso a nova diretoria aceite, ajudar no estádio. Como já falei: demos o primeiro passo, e não conseguiremos alcançar o objetivo sem a continuidade do trabalho incansável do Rubens, do Ricardo e do Kalil. Estarei à disposição se for convocado. Como a gente construiu isso há quatro anos, cabe ao Sérgio e à equipe avaliar se vale a pena a minha permanência no grupo do estádio ou não. Querer, eu quero. Estou à disposição. Mas o Sérgio e o Lásaro (a gestão do próximo triênio) merecem entregar o estádio ao torcedor. Sua gestão ficou marcada por várias mudanças de treinador (foram seis em três anos). Você se arrepende de alguma das trocas que fez? - Talvez uma, que não vou falar, até em respeito a todos os trabalhos. Todas as outras, quem está no dia a dia sabe o que aconteceu. Tem uma questão pessoal que eu voltaria atrás. (Reportagem pergunta se é o Roger Machado). Se eu falar do Roger, vou ter que falar do Levir, dos outros. Todas tiveram seus motivos. Quem está aqui do lado sabe o motivo de cada uma, mas não foi nada que foge à ordem normal do futebol. Mas teve uma decisão em específico que acho que pode ter sido prematura, sim. No início de 2017, o técnico do Atlético-MG (Roger Machado) era muito bem visto pela torcida, o elenco era tido como um dos melhores do Brasil e a expectativa era alta. O que faltou para o Galo conquistar grandes títulos na temporada? - Faltou a bola ter entrado contra o Jorge Wilstermann, no Mineirão. Aquele jogo doeu, foi marcante. Faltou aquilo. Depois daquele momento, perdemos os objetivos do ano. Se aquela classificação viesse, o que tinha sido feito até o momento continuaria. Não sei se ganharíamos o título (da Libertadores), mas estaríamos mais próximos. Além disso, tem o retrospecto em casa. O semestre foi ruim também devido ao péssimo ano como mandante. A gente foi eliminado da Libertadores dentro de casa, por um time muito inferior. Em um ano que batemos recorde de pontos fora de casa, perdemos muito em casa. Entre as contratações feitas pelo Atlético-MG na sua gestão, uma muito repercutida é a do atacante Clayton, que teve um custo alto e ainda não se firmou no Galo. Você ainda espera que ele justifique, em campo, o valor que foi gasto? - Ele tem 22 anos, não tem 30. Ainda é muito jovem. Se for fazer um balanço dos que vieram e se valorizaram, tenho um placar de quase 10 (jogadores que valorizaram) para um (que desvalorizou). O placar de compra e venda é muito positivo. Clayton é um garoto ainda. Ele foi muito bem no Figueirense, estava na Seleção de base, era disputado por grandes clubes. Mas existe a fase de adaptação, da mudança do patamar das equipes. Acho que ele sentiu. Mas o talento ele não perde, não esquece. O falecimento de Eduardo Maluf e o consequente período sem diretor de futebol foram fatores que interferiram de forma negativa nos resultados do time em 2017? - Quando você perde a figura do diretor de futebol, principalmente uma pessoa que tinha uma grande amizade, no meio da temporada, é muito difícil a reposição. Você não busca um diretor tão fácil. Apostei nas pessoas que estavam ao meu redor, pessoas de confiança. É um cargo de extrema confiança. O planejamento já tinha sido feito, e a questão era mais a cobrança dentro do vestiário. O Maluf fez uma falta muito grande, é lógico, mas a substituição do profissional não é fácil assim. É só você ver os números que conseguimos alcançar com a chegada do Domênico e do Oswaldo. Eles reconquistaram esse equilíbrio. Isso também tenho que ressaltar. Quando o Domênico veio, foi uma decisão conjunta com toda a diretoria. Com o Sérgio, que já sabia, com o Kalil, com todos os dirigentes. Era a pessoa que já estava no clube, já conhecia os problemas. Precisávamos de alguém para trazer harmonia e equilíbrio para um elenco que não tinha como ser mudado. Antes do Domênico houve uma tentativa com o André Figueiredo na direção do futebol. Por que durou tão pouco? Foi a pressão da torcida? - Foram os resultados. A torcida tem todo o direito de protestar, isso pressiona, mas foram os resultados e o ambiente naquele momento. O André continua como o diretor da base e, neste ano, mostrou o trabalho sério que vem desenvolvendo há anos no clube. Na época, o ambiente ficou muito pesado para a continuidade. Não por causa do André, mas também pela expectativa criada e pelas eliminações precoces. Falando em pressão da torcida: quanto ela influenciou no seu trabalho nos últimos três anos e nas decisões do futebol? - O presidente trabalha para o clube. A torcida é a fiscal do clube. Falar que torcida não influencia é a maior mentira, isso não existe. Mas torcida não contrata e não manda embora. Você tem todo um trabalho com uma equipe, tem que avaliar o dia a dia, é interno. O que a imprensa passa do dia a dia do futebol para o torcedor não representa os bastidores, a realidade em sua totalidade. O presidente é a figura que tem a obrigação de trabalhar com todas as esferas da administração. Tem que estar presente, tem que saber quem são os 500 funcionários e saber delegar. Mas o futebol mudou muito depois das redes sociais. A pressão hoje é muito maior do que era antigamente. Como em todos os setores, as ruas são ambientes mais tranquilos e reais do que as redes sociais. Digo isso porque a nova direção de jogadores se sente muito pressionada por essa cobrança. Tanto os novos dirigentes, quanto os novos atletas passam por isso. Tem que ter muito sangue frio, coragem e paciência em todas as decisões. Por mais que você seja aplaudido em uma decisão, se a bola não entrar você vai ser vaiado. Por mais que você seja vaiado em uma decisão, se o time ganhar você vai ser aplaudido. A verdade do futebol muda em 90 minutos. É a regra hoje em dia. O resultado é que vai definir o seu sucesso. Você falou na necessidade de ter paciência na tomada de decisões. Você teve? - Tive, em quase todos os momentos. Inclusive, você sempre terá críticas dos dois lados. Quando você toma uma decisão rápida e enérgica, é criticado. Quando você não toma, também é criticado. A crítica vem dos dois sentidos. Tem gente que vai achar que demorou demais, tem gente que vai falar que você agiu rápido demais. A crítica vem de acordo com o resultado futuro. Parte da torcida vê como um problema a média de idade alta do time. Você concorda? - São 80 jogos (no ano), temos no elenco cerca de 40 jogadores. Se você analisar alguns jogos, tivemos médias de idade de 26, em outros quase 30. O elenco é desequilibrado quando só tem jovens ou jogadores com idades avançadas. Olhando o nosso elenco, eu consigo montar um time com qualidade de 20 e poucos, como consigo montar com jogadores acima de 30. Falta de jogador nos três anos não existiu. Isso ninguém pode falar. Aliás, quase todas as concentrações foram comemoradas pela torcida. Quem decide o equilíbrio interno do time é o treinador. Se você vai escalar um meio de campo com Blanco e Yago ou um meio de campo com Adilson e Elias, depende do adversário e do momento. Temos as duas opções. Nas laterais, no ataque, na zaga. Até no gol. O Victor ganhou tudo, tem um medalhista olímpico e uma revelação, que é o Cleiton. A base do Atlético-MG foi muito vitoriosa em 2017. No Mineiro, por exemplo, levantou o troféu em todas as categorias. Você acha que a rentabilidade (em relação à venda de jogadores) e o aproveitamento dos atletas no profissional estão satisfatórios? - Financeiramente, sim. Estamos acima da média do futebol brasileiro. Há um comparativo de venda de atletas. Está na hora de acharmos uma joia, como ocorreu no Flamengo e no Santos. Mas isso não depende apenas do trabalho do André e da diretoria de base, são coisas que acontecem uma vez a cada 10 anos. O aproveitamento (no time profissional) depende do momento, da filosofia do treinador, de outros fatores. O futebol vive essa dualidade. Ao mesmo tempo a torcida exige, todo ano, 10 contratações, mas também critica por não revelar ninguém. Pera aí. Só jogam 11 por vez, você tem que ter um time equilibrado com novas contratações, com a permanência daqueles com identificação com o clube e, claro, revelando novos talentos. Temos que ter dois times no profissional, o sub-23 e todas as categorias de base. A ideia do sub-23 é justamente preencher a lacuna, que você não tem a oportunidade de dar espaço aos jogadores jovens. São as revelações que sustentam o futebol brasileiro. O torcedor cobra muito. Se vende o ídolo, você é odiado, se não contrata é omisso, e se não revela é incompetente. A maioria dos contratados foram jovens promissores. Otero, Cazares, Clayton, Valdívia, Blanco. Todos meninos. A sua relação com o Alexandre Kalil mudou alguma coisa de três anos para cá? - O Kalil tem a paixão pelo clube como sua fonte de vida. A relação não mudou absolutamente nada. Ainda sou secretário, conto com ele em duas questões diferentes (Atlético-MG e Prefeitura). A cobrança também vem dele, quer sempre ver o clube nos moldes que deixou. Falando sobre a secretaria, o cargo público te atrapalhou em algum momento no Atlético-MG? - Eu sempre tive uma profissão, uma atividade pública. Não só eu. Poucos presidentes eram aposentados. O Kalil era empreiteiro, o Ricardo Guimarães era banqueiro. Quando a bola entra, ninguém questiona. Quando não entra, tudo vira motivo. O que eu posso falar é que trabalhei incansavelmente por esse clube. O Atlético é minha vida, é minha família. Cuidei do clube com toda a minha dedicação e toda a minha paixão - concluiu. MAIS DO Globoesporte Situação garante Oswaldo, define pauta de reforços e formaliza proposta a Robinho F

Nenhum comentário: