sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Mesma data e jogos restantes: o roteiro do Galo que o Cruzeiro quer repetir Coincidências unem rivais mineiros, Procópio Cardozo e Adilson Batista na luta contra o rebaixamento para a Série B Rodrigo Rodrigues | @superfcoficial 29/11/19 - 17h50 29 de novembro de 2004. segunda-feira. O então treinador Procópio Cardozo assumia o Atlético, com a missão de livrar o clube do rebaixamento, a três rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro. Na ocasião, o Galo ocupava a 22ª colocação na tabela (o campeonato era disputado por 24 equipes), e precisava somar, no mínimo, sete dos nove pontos em disputa. 29 de novembro de 2019, tarde de sexta-feira. O treinador Adilson Batista desembarca em Confins com a missão hercúlea de livrar o Cruzeiro do inédito descenso, faltando também três partidas para o encerramento do Brasileirão. A Raposa está em 17º lugar, com 36 pontos. No melhor cenário possível imaginado para se manter na elite do futebol nacional, precisará de 100% de aproveitamento nos três próximos jogos, e ainda torcer por um tropeço mínimo do Ceará, 16º colocado, com 37. Parece roteiro de filme, quem sabe inspirado numa coincidência infeliz que une os dois maiores rivais de Minas Gerais, em tempos distintos, há precisos 15 anos. Contudo, não é. Está na história. O passado conta e o futuro dirá se Adilson, um ex-zagueiro de Raposa e Galo, repetirá a façanha de Procópio, um também ex-defensor de ambos os clubes. Quando topou o desafio, em substituição a Mário Sérgio (falecido em um mesmo 29 de novembro, só que em 2016), no acidente aéreo envolvendo a delegação da Chapecoense, Procópio foi enfático: "Deixei claro, mas bem claro. Quem quiser entrar de férias hoje tem toda a liberdade, sem nenhum tipo de sanção", avisou, à época. Adilson Batista, demitido na última quarta-feira do próprio Ceará, pisou o solo mineiro nesta sexta-feira com discurso moderado e consciente, mas confiante. "Sei que o momento é difícil, mas com trabalho, entrega, concentração, dedicação nos jogos, responsabilidade, ambiente bom, torcida apoiando, vamos conseguir nosso objetivo que é permanecer", disse. Qual a receita, Procópio? Aos 80 anos de idade e não mais trabalhando no futebol, embora demonstre acompanhar tudo que acontece no esporte, Procópio evita falar sobre o que pode ser feito hoje para que o Cruzeiro se salve do rebaixamento, mesmo tendo em seu currículo a experiência bem-sucedida de 15 anos atrás com o rival. "Lamento, mas eu não posso dar conselho ou falar o que deve ser feito em relação ao Adilson e ao Cruzeiro, porque não estou no dia a dia do clube e não conheço o ambiente. O que posso dizer sobre aquela minha época no Atlético é que propus uma mudança radical de postura, de comportamento, e a maioria dos rapazes aceitou de bom grado, mesmo com pouco tempo para agir", recorda-se. Mesmo assim, Procópio conta que naquele Galo de 2004 encontrou jogadores mais experientes interessados em livrar o time do rebaixamento e jovens da base comprometidos e interessados. "Coloquei alguns meninos da base para jogar, como o Alex (lateral) e o Quirino (atacante). A entrada deles mexeu com quem já estava no grupo e, ao lado dos mais experientes, tive uma contribuição muito grande", reconhece. Quando cita os mais experientes, o ex-treinador dá destaque ao ex-goleiro Danrlei, em um episódio que, para ele, foi fundamental para o Atlético se livrar da queda. "Para fugir da pressão da torcida em Belo Horizonte, a diretoria do Atlético mandou o jogo contra o Paysandu em Ipatinga. Eu não concordei na época. Empatamos em 0 a 0. Após a partida, estávamos jantando em um restaurante na saída da cidade, quando chegaram dois ônibus com atleticanos querendo invadir o local para agredir os jogadores. A polícia foi chamada e evitou a confusão", conta. No entanto, a ira dos atleticanos não cessou ali. Segundo Procópio, os mesmos torcedores perseguiram o ônibus do Galo durante todo o trajeto de Ipatinga a Belo Horizonte. Quase chegando na capital mineira, o ex-treinador se irritou e pediu que para que o motorista parasse. "Eu disse aos jogadores: quem não quiser descer, pode ficar aqui dentro. Mas, quem quiser, nós vamos lá para fora brigar com esses caras. O Danrlei pegou uma espécie de porrete e foi o primeiro a descer. Até jogador que estava machucado desceu. Com isso, os torcedores desistiram e foram embora. Esse episódio foi fundamental para nossa sequência. Ali, criamos um laço mais forte de amizade e de grupo", diz. O que fez Procópio em 2004 Procópio Cardozo comandou o Galo em três jogos. Empatou com Paysandu, em 0 a 0, no Ipatingão, e colocou um pontinho na conta. Na sequência, pegou o Grêmio, em Porto Alegre, e venceu por 1 a 0. Na perspectiva traçada, faltavam apenas os últimos três pontos para seguir na Série A. Objetivo foi cumprido na goleada sobre o São Caetano, por 3 a 0, no Mineirão. O desempenho nos três confrontos colocou o Atlético em 19º lugar, com 53 pontos, livrando-o do descenso. Criciúma, Guarani, Vitória e Grêmio, os piores do Brasileiro de 2004, jogaram a Segundona no ano seguinte. O que precisa fazer Adilson Batista em 2019 Se Procópio poderia se dar ao luxo de "desperdiçar" dois dos nove pontos em disputa, Adilson não tem escolha. Se quiser continuar na Série A, além de torcer por pelo menos um empate ou derrota do Ceará, terá de atropelar os próximos três oponentes. Segunda-feira (2), a parada será contra o Vasco, às 20h, em São Januário. Na quinta (5), pega o Grêmio, às 19h15, novamente fora de casa. Para encerrar, terá o Palmeiras pela frente, domingo (8), às 16h, no Mineirão.

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