Lar, doce caldeirão
Aproveitamento de Atlético e Cruzeiro no Horto é um dos ingredientes na campanha dos mineiros no Brasileiro. Dimensão do campo vira arma tática para os rivais da capital
Ludymilla Sá - Estado de Minas
Publicação:01/09/2012 07:00
O novo Independência marca não só o reencontro dos torcedores da capital mineira com seus times de coração. O estádio do Horto, completamente modernizado depois de dois anos de obras, transformou-se em um alçapão que tem sido fundamental na campanha do Atlético no Campeonato Brasileiro. E em esperança do Cruzeiro de se recuperar no returno. As dimensões do gramado, iguais às exigidas pela Fifa para jogos de Copa do Mundo (105m x 68m) desde 2006, fazem com que até cobranças de lateral sejam eficientes armas de ataque.
Líder do Brasileiro, o alvinegro fez, até agora, campanha quase irrepreensível no Independência, que também ganha características de caldeirão em razão da proximidade dos torcedores ao gramado e arquitetura (setores elevados). De volta a Belo Horizonte neste ano, depois de quase dois anos peregrinando pelo estado, o Galo venceu oito partidas e empatou três na capital, o equivalente a 81,81% de aproveitamento. Quase sempre perto da lotação.
O desempenho é superior ao da última temporada, quando foi obrigado a jogar a maioria dos confrontos na Arena do Jacaré – também atuou no Ipatingão –, enquanto o estádio do Horto estava em reformas. Ele seria uma alternativa ao Mineirão, em modernização para o Mundial de 2014 desde junho de 2010, mas não ficou pronto a tempo por causa de entraves burocráticos. Em 2011, mesmo com o apoio dos torcedores, o Galo encerrou a 20ª rodada do Brasileiro na zona de rebaixamento. Era o 18º colocado, com 15 pontos, dos quais 10 foram conquistados como mandante.
Diferentemente do arquirrival, Cruzeiro. Além de ter mandado seus compromissos em Sete Lagoas, a Raposa jogou em Varginha, Ipatinga e Uberlândia no ano passado. Terminou o turno do campeonato em 12º lugar, com 21 pontos (20 foram conquistados em casa, resultado de seis triunfos e dois empates). Já nesta temporada, como mandante, fechou a 20ª rodada em situação bem melhor. É o sexto colocado, com 31 pontos – 11 contabilizados com três vitórias e duas igualdades no alçapão do Horto (45,9%), já que recebeu ainda um confronto em Varginha (venceu) e outro em Uberlândia (empatou).
Os números, especialmente os do alvinegro, levam o técnico Cuca a exaltar a capacidade do time em se valer de alguns pontos-chave. Para o treinador atleticano, campos de dimensões menores podem se tornar arma contra os adversários. “Há muita influência. Torna-se mais fácil explorar lances de arremessos laterais na grande área, cobranças de faltas e escanteios, já que os atletas ficam próximos uns dos outros. Além disso, a marcação sobre o adversário fica mais intensa, porque o espaço é menor. Em suma, nos beneficia jogar no Independência e o estádio é um de nossos trunfos para permanecer entre os primeiros do Brasileiro.”
REDUZIDO O Atlético está acostumado a treinar em gramados de medidas mais reduzidas. Coincidentemente, o campo 4 da Cidade do Galo, bastante usado pelo grupo de Cuca, tem metragem semelhante à do Independência: 98m x 68m, o que não existia na Toca da Raposa até a chegada do técnico Celso Roth. O treinador pediu que fossem diminuídos em 5m (2,5m de cada lado) todos os gramados do centro de treinamento, que ficaram com 95m x 70m.
Historicamente, os mineiros têm costume de disputar competições em campos maiores. O antigo Mineirão tinha 110m x 75m, bem próximo à medida máxima permitida. O campo da Arena do Jacaré tem 110m x 74m. Roth já havia admitido que o Cruzeiro não sabia jogar no Independência. “Tem de ter muito mais atenção, qualquer chute vira lançamento. O jogo fica rápido, de muita disputa, e tem a dimensão do campo, do estádio. No somatório, tem a pressão. Vamos ver se conseguimos melhores resultados agora.”
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