Ivan Drummond - Estado de Minas
Apesar de distante da briga pelo título, mais uma vez o Atlético se vê envolvido na decisão. Contra o Grêmio, domingo, no Olímpico, Marques e cia. têm tudo para reeditar confronto que já teve diversos momentos históricos nos 38 anos de Campeonatos Brasileiros, com conseqüências além dos pontos da vitória para um ou para outro. Em vários desses jogos, o experiente atacante, recordista de partidas pelo Galo na história da competição (190), esteve presente.
Em 1975, numa espécie de primeiro capítulo desse marcante duelo, a derrota por 3 a 0 no Sul custou o cargo ao técnico Telê Santana, que chegara ao clube em 1970 e a ele regressara em 1973, depois de breve passagem pelo São Paulo. Os frutos do trabalho de base desenvolvidos pelo treinador seriam visíveis no ano seguinte, com a ascensão de Cerezo, Reinaldo, Paulo Isidoro, Marcelo e cia.
Pelo Brasileiro de 1984, ao perder por 1 a 0 no Mineirão, o Atlético foi virtualmente eliminado, o que se confirmaria uma semana depois, com novo revés no Olímpico (2 a 0).
Na última rodada da primeira fase da edição de 1999, o Galo venceu no Mineirão por 2 a 0, em jogo que marcou a estréia do técnico Humberto Ramos no lugar de Darío Pereyra. Com o resultado, o time se classificou às quartas-de-final, nas quais passaria pelo Cruzeiro. Nas semifinais, eliminaria o Vitória, para decidir o título com o Corinthians, saindo como vice-campeão.
No ano seguinte, novamente no Mineirão, atleticanos e gremistas empataram por 2 a 2. Depois da partida, o técnico Carlos Alberto Parreira se demitiu, sendo substituído nos jogos finais pelo assistente Nedo Xavier. Em 2001, em jogo único pelas quartas-de-final, o Atlético goleou por 3 a 0, classificando-se para enfrentar o São Caetano nas semifinais – também em uma só partida, no ABC Paulista, o Azulão levou a melhor.
Em 2002, na última rodada da primeira fase, no Olímpico, o Grêmio venceu por 1 a 0. Como já estava classificado às quartas-de-final, o Galo escalou time reserva. O resultado ajudou a eliminar o Cruzeiro. Em 2004, o alvinegro passou praticamente toda a competição brigando contra a queda. Na penúltima rodada, enfrentou os já rebaixados gaúchos, que estavam punidos pela CBF, em Erechim, com portões fechados. Ao vencer por 1 a 0, ganhou moral para o jogo final, diante do São Caetano. Ao golear por 3 a 0, na Pampulha, manteve-se na elite.
Ano passado, ao empatar por 2 a 2 em Porto Alegre, o Atlético engatou invencibilidade de 10 jogos que o levaria ao oitavo lugar e à vaga na Copa Sul-Americana – na última partida, o triunfo por 3 a 1 sobre o Palmeiras no Parque Antártica ajudou a classificar o Cruzeiro para a Libertadores. A série invicta do Galo resistiria aos quatro primeiros jogos deste ano, sendo encerrada no quinto, com uma goleada por 5 a 1, no Morumbi, para o São Paulo, que ainda não havia vencido na competição.
Pela 19ª rodada do atual Brasileiro, o Grêmio goleou por 4 a 0 no Mineirão e garantiu o título simbólico do primeiro turno. Para ser campeão nacional, terá de vencer o alvinegro, domingo, no Olímpico, e torcer para o Goiás ganhar do São Paulo, no Bezerrão, na cidade-satélite do Gama (DF).
HORA DOS JOVENS Com apenas mais um jogo no Brasileiro, é hora de o alvinegro analisar a temporada. Para o técnico Marcelo Oliveira, o ano não foi de todo perdido. O clube acabou revelando alguns jogadores, que, para ele, têm um grande futuro. “A indisciplina de alguns acabou abrindo espaço para outros que não teriam oportunidade. O Pedro Paulo e o Sheslon, por exemplo, treinavam em separado. Era como se estivessem à espera de serem mandados embora. A saída de Lenílson abriu vaga para o primeiro e a do Mariano deu chance ao segundo. Quando ocorreram as dispensas, não tive dúvida em convocar os dois”, diz o treinador.
Marcelo se mostra inteiramente a favor dos mais jovens: “É preciso dar chance a eles, para saber o que temos em mãos. Se não tiver como observá-los em um jogo, nunca saberemos quem é realmente atleta. Por falta de oportunidade já se perderam muitos bons jogadores”.
Ontem foi dia de folga. Os jogadores se reapresentam hoje, para o que o treinador chama de decisão. “Vamos enfrentar uma equipe que está brigando pelo título. Só esse fato já serve de estímulo. Vamos a Porto Alegre para buscar a vitória.”
Sem problemas de cartões amarelos e expulsões, o técnico conta com todos os titulares e poderá repetir o time do empate com o Santos. “Domingo, tínhamos cinco jogadores pendurados com dois amarelos: Welton Felipe, Márcio Araújo, Élton, Sheslon e Jael. Felizmente, não levamos nenhum durante a partida. Repetir uma equipe é sempre bom, pois muitas vezes, as trocas constantes impedem que se adquira entrosamento.”
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