terça-feira, 16 de abril de 2019
Na chegada de Sette Câmara, Atlético-MG teve mais um ano de prejuízos e dívidas em alta
Com salários atrasados e despesas acima do recomendável, novo presidente vendeu jogadores e se endividou com empréstimos bancários. Agravou, de novo, a condição financeira atleticana
São Paulo
16/04/2019 08h00 Atualizado há 6 horas
O Atlético-MG é o clube que deve muito mais do que pode pagar, perfil incômodo e corriqueiro em seu retrospecto, mas sabido por todos que por lá passam. Inclusive pelo novo presidente, Sérgio Sette Câmara, que o assumiu no início de 2018 com um discurso de austeridade.
O cartola ainda tem dois exercícios pela frente, período em que poderá fazer jus à promessa que fez durante a campanha eleitoral. Em sua primeira temporada, os números contidos no balanço financeiro atleticano mostram que o discurso ficou distante da prática.
Dois principais indicadores ajudam a entender por que o Atlético-MG tem atrasado salários de jogadores com frequência, ao mesmo tempo em que perde desempenho esportivo. Entrou menos dinheiro no caixa na temporada passada, apenas R$ 258 milhões, em relação aos R$ 311 milhões que tinham sido obtidos na retrasada, enquanto as dívidas aumentaram e chegaram à perigosa marca dos R$ 652 milhões.
As finanças do Atlético-MG na era Sérgio Sette Câmara
Em seu primeiro ano, presidente atleticano viu receitas diminuírem e dívidas aumentarem Em R$ milhões
Do lado das receitas, quase tudo piorou no ano passado em relação ao anterior. Os atleticanos gastaram menos com a compra de ingressos, o departamento comercial gerou menos dinheiro com patrocínios, a televisão não pagou luvas, como vinha acontecendo nos últimos exercícios, afinal não houve a assinatura de nenhum novo contrato.
Só as vendas de jogadores tiveram um acréscimo relevante, tendo saído dos R$ 43 milhões de 2017 para R$ 81 milhões em 2018, justo a fonte de receitas que mais desagrada torcedores. O meia venezuelano Otero precisou ser emprestado para fazer caixa, por exemplo.
Ainda que tenha havido cortes de custos, inclusive na folha salarial do futebol profissional, que consumiu R$ 13 milhões a menos, a diretoria alvinegra economizou menos do que deveria. Despesas foram maiores do que receitas, e o resultado é um déficit de R$ 22 milhões. Mais um prejuízo. O atleticano não sabe o que é lucro faz quase duas décadas.
Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Cantini / Atlético Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Cantini / Atlético
Sérgio Sette Câmara, presidente do Atlético-MG — Foto: Bruno Cantini / Atlético
O efeito prático do último número que citamos ali em cima, o prejuízo de R$ 22 milhões em 2018, é o aumento do endividamento. Como a diretoria atleticana não tinha receita suficiente para pagar todas as despesas e dívidas, precisou ir ao mercado financeiro pegar crédito.
Nos doze meses do ano passado, o Atlético-MG pagou um montante de R$ 146 milhões em empréstimos bancários. Parece boa coisa para um clube endividado, mas tem mais. No período, o clube pegou R$ 202 milhões em novos empréstimos. Um menos o outro, fica a diferença de R$ 56 milhões. Essa grana foi acrescentada ao endividamento atleticano. É essa diferença que torna 2019 ainda mais complicado do que foi 2018.
"Não comemoramos lucros, queremos saber de títulos", dirá algum torcedor, e ele terá razão na essência da manifestação. Só que a imparável sequência de prejuízos do Atlético-MG está muito além do que o clube pode aguentar, e os problemas financeiros têm sido deixados para a administração seguinte, e depois para a seguinte, até o dia em que o clube entrar em severa crise esportiva. Pior do que a atual.
@rodrigocapelo
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