quinta-feira, 12 de outubro de 2017
Estádio do Galo
Diamond é sucesso, mas futuro preocupa
Números do shopping mostram lucro ao longo dos anos, mas clube teme queda no varejo
O DiamondMall pertence ao Grupo Multiplan e foi fundado em 1996, ao lado da sede administrativa do Galo, em Lourdes
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infografico Proposta do Atlético
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PUBLICADO EM 05/09/17 - 03h00
Pedro Rocha Franco
@superfc
O ponto central do argumento utilizado pela diretoria do Atlético para vender o equivalente a 50,1% do DiamondMall e viabilizar a construção do estádio do clube é o futuro dos shoppings centers no Brasil e no mundo. No documento apresentado aos 400 conselheiros do clube, a justificativa é defendida em três pontos das 31 páginas, inclusive no editorial, assinado pelo presidente do Galo, Daniel Nepomuceno. Segundo o texto, “o varejo está vivendo uma revolução. As vendas pela internet cada vez mais fazem cair o movimento dos shoppings no mundo”.
No entanto, um especialista ouvido pela reportagem e os balanços financeiros da Multiplan, administradora do Diamond, comprovam que esses centros hoje em dia ainda se mostram viáveis. A receita com locação do Diamond se multiplicou quase cinco vezes entre 2006 (R$ 10,8 milhões) e 2016 (R$ 46,2 milhões). Nesse mesmo período, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil se multiplicou 2,5 vezes. Vale ressaltar que a receita com locação é a cifra mais representativa do faturamento do empreendimento (80% do total).
Nem mesmo as crises mais agudas da economia brasileira (2008/09 e 2015/16) fizeram com que a receita do shopping recuasse. Nos últimos dez anos, o balanço sempre manteve-se no azul (veja infografia). “O que se percebe é um movimento em escala global, mais intenso em alguns locais e menos em outros, de as lojas físicas se transformarem em lojas de demonstração. Você vai lá para observar e testar o produto e compra pela internet. Já existe isso. O comércio varejista não vai acabar, está se transformando. Mas, pelo que venho percebendo, os shoppings vão muito bem, obrigado”, diz João Bonomo, professor de empreendedorismo e inovação do Ibmec.
“Não acredito que um shopping seria inviável. É um negócio meio feijão sem bicho. Ainda há um oceano para ser explorado por eles, com a diversificação de serviços e produtos oferecidos, que crescem a cada dia. Além do mais, contam com praticidades como estacionamento, segurança e uma gama de serviços bem variada em um mesmo local. Orientei uma monografia de um aluno relacionada ao tema há pouco tempo, e o que percebemos é que eles ainda estão em uma crescente boa”, completa. (Colaborou Gláucio Castro)
Na contramão
Se o varejo físico sofre consequências do comércio online, o mesmo parece não se repetir com os centros comerciais brasileiros. O demonstrativo financeiro da Multiplan referente ao segundo trimestre de 2017 mostra que apenas dois dos 20 centros comerciais administrados pela empresa tiveram quedas na receita. O crescimento médio em relação ao ano passado é de 11,7%, tendo passado de R$ 418,2 mi para R$ 467,3 mi.
Projeção
Pelo contrato vigente, a partir de 2026, o Atlético teria direito ao valor total da arrecadação do Diamond, mas, em contrapartida, teria que contratar uma administradora para prestar todos os serviços referentes ao shopping, o que custaria aproximadamente 15% do faturamento bruto. Ou seja, em números atuais, o Galo ficaria com R$ 49 mi. A projeção de lucro para o primeiro ano da arena só com bilheteria é de R$ 32,7 mi.
Palmeiras é modelo mais bem-sucedido no país
O Palmeiras obteve resultados expressivos com o estádio nos primeiros anos de operação de sua arena. Segundo o balanço, em 2016, o clube obteve R$ 69,3 milhões com o item arrecadação em jogos, enquanto as despesas somaram R$ 29,6 milhões: lucro de R$ 39,7 milhões. No ano anterior, o primeiro da nova arena, o lucro foi 12,5% maior do que em 2016.
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