segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Olhar eletrônico e estratégico
Profissional também irá auxiliar Marcelo Oliveira e comissão na própria avaliação da equipe
PUBLICADO EM 05/09/16 - 03h00
Thiago Nogueira
No futebol, a informação é tudo. Ela não entra em campo nem finaliza as jogadas, mas orienta, aconselha, corrige problemas e encontra até brechas técnicas e táticas. Certo de que detalhes extracampo podem contribuir para o resultado, o Atlético está reestruturando seu departamento de inteligência.
Com a saída do auxiliar de tecnologia esportiva Alexandre Ceolin, que foi para o Santos, a diretoria alvinegra contratou o analista de desempenho Lucas Gonçalves para otimizar o trabalho de observação de outras equipes, além de monitorar a performance do próprio time e avaliar atletas que estejam na mira do Galo para a contratação.
“Viemos para o Atlético para criar este setor, que não está do nível que o Atlético deveria ter. É um projeto que vamos fazer aos poucos para que fique da altura que imaginamos”, explicou o analista, que é filho do ex-treinador de futebol Otacílio Gonçalves, que dirigiu o Atlético na década de 90.
Formado em educação física pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), Lucas trabalhou boa parte da carreira nas categorias de base do Grêmio – também tem passagem por Cabofriense e Tombense. Aliado aos trabalhos como auxiliar e treinador, sempre desenvolveu projetos de observação e análise de equipes, o que lhe deu uma base mais profunda no assunto.
Ele chega ao Atlético sob indicação do amigo Carlinhos Neves, coordenador técnico do clube. Na Cidade do Galo, Lucas trabalhará ao lado do observador técnico Bernardo Motta, responsável hoje por acompanhar in loco os adversários alvinegros. Todo o trabalho do departamento está voltado a municiar o técnico Marcelo Oliveira e sua comissão técnica de todas as informações sobre os rivais do Atlético.
Nestes primeiros dias de trabalho, os profissionais estão afinando a sintonia com o treinador.
Conversamos muito, falamos sobre o comportamento do adversário e montamos um vídeo editado para passar para o Marcelo. Mas não adianta fazer daquilo que eu penso. Tenho que pensa com a cabeça do técnico”, explicou Lucas. Por enquanto, as observações para a captação de atletas não foram iniciadas.
Como ela ajuda?
A análise de desempenho é muito mais do que apenas coletar números de passes, finalizações ou desarmes. Ela decifra comportamentos táticos e converte dados estatísticos de jogos ou treinos em informações mais palpáveis para a comissão técnica.
Além dos fundamentos, o trabalho analisa pontos fortes e fracos das equipes, padrões de comportamento e variações, tanto do ponto de vista quantitativo quanto qualitativo.
É um bom caminho para a garimpagem de talentos e na observação de atletas em formação.
Minientrevista
Lucas Gonçalves, analista de desempenho do Atlético
Como a profissão de analista de desempenho se desenvolveu? Estou há mais de dez anos no futebol, não especificamente nesta área. O analista de desempenho não é só um editor, que filma. Ele tem que entender também do jogo. Já fazia isso, mesmo antes, como auxiliar técnico e treinador. Foi importante para minha formação. Como esse mercado está muito aberto, tem muita gente indo para esse lado, mas, às vezes, não se tem a experiência suficiente do campo, e está indo direto para quem entende de computador. Não pode ser nem uma nem outra coisa. Tem que buscar o meio-termo.
Na prática, como se nota o resultado de seu trabalho? É muito na estratégia de jogo que o treinador vai adotar em cima do que ele observou do adversário. Com relação à própria equipe, na prática, ele corrige. Fica mais fácil ele visualizar em vídeos, imagens, recortes ou setas. A partir daí, é reforçar nos treinos. Individualmente, muitos jogadores gostam de pegar o adversário com quem ele vai duelar, principalmente os goleiros. Eles querem ir para o jogo já sabendo os batedores de falta, de pênalti. A decisão, no jogo, fica para eles, mas eles vão estar mais preparados.
É trabalhoso reunir essas informações? As técnicas e os softwares facilitam? Logo quando começou a análise de desempenho, não existiam muitos recursos para se fazer isso. Era tudo baseado em edição de vídeo normal. Hoje em dia, como o mercado se especificou muito para o futebol, começou-se a absorver e a abrir a possibilidade de novos softwares, o que facilita. Mas tem um pouco de trabalho, de assistir a um jogo mais de uma vez. Mas, claro, com o tempo, aquela prática acaba facilitado seu trabalho.
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