terça-feira, 10 de dezembro de 2013

PARTIU MARROCOS

Andar com fé eu vou
Cada atleticano foi levar uma ponta de esperança para os jogadores. Enquanto uns renovavam promessas se vier o título, outros recorreram a imagens sacras
Ivan Drummond - Estado de Minas
Publicação:
10/12/2013 08:21
Atualização:
10/12/2013 08:26
Vale de tudo para que o Atlético conquiste o título de campeão mundial, e o inspetor da Polícia Civil João Carlos do Nascimento Gonçalves, de 47 anos, fez questão de levar um cartaz de agradecimento em que citava uma promessa pelo título da Libertadores, já cumprida, e revelava uma nova.
Ele estava num ponto mais elevado do aeroporto de Confins, sobre um canteiro. No texto lia-se: “Meus ídolos: vocês ganharam a Libertadores e eu cumpri a promessa de ir andando 170 quilômetros de BH a Pompéu. Agora me ajudem a cumprir a promessa de ir a pé de Belo Horizonte a Aparecida do Norte. Ganhem o Mundial no Marrocos.”
Para a primeira missão foram necessários quatro dias. Ele afirmava que não se importaria se o percurso de cerca de 550 quilômetros até a cidade onde fica a basílica da padroeira do Brasil durasse até duas semanas. “Se Deus quiser, vou gastar 15 dias, mas com muito prazer.”
Entre os tantos eufóricos atleticanos houve quem tenha saído com uma pontinha de frustração. Ainda assim, Marcelo Motta, de 35 anos, que foi a Confins com o filho Bruno, de 8, carregando uma imagem de Nossa Senhora das Graças, disse que não perderia a fé em conseguir o que havia planejado. “Eu tinha prometido que ia entregar ao Cuca. Mas não tive chance. Não consegui chegar perto do ônibus. Vou entregar a alguém do Atlético e pedir que despachem para ele lá no Marrocos”, revelava, esperançoso.
Se os jogadores eram festejados, horas antes funcionários do clube haviam cuidado da retaguarda, como os auxiliares de fisioterapia do Atlético, Eduardo Vasconcelos, de 72 anos, e Hélio Dias, 46, e o fiscal Maurílio Frederico, 43. O trio foi mais cedo para o aeroporto, levando a bagagem completa da delegação: 66 baús e sacolas grandes. “Aí está todo o material do departamento médico e fisioterápico, além do de treino e de jogo. Além do que o time está levando, tem a bagagem dos jogadores”, contam Eduardo e Hélio. Eles, porém, ficaram em Belo Horizonte, ainda que o desejo fosse ver o Galo lutar pelo título de perto. “Mas vamos acompanhar daqui, pela televisão. O importante é que fizemos a nossa parte e ajudamos o possível”, diz Hélio.
Durante todo o tempo em que a torcida esperou, a cada instante estouravam foguetes próximo ao saguão do aeroporto. Assim que os jogadores foram para o pátio e a entrada se esvaziava foi possível ver carcaças e centenas de palitos de fósforo espalhados pelo chão.
Coincidência
Coube ao motorista Ivanildo Gonçalves, de 38 anos, funcionário da Infraero há 10, levar os jogadores da área em que o ônibus do Galo parou para o ponto de embarque, na pista.
Ele contou que já é tarimbado nesse tipo de serviço. Foi quem transportou o time do Cruzeiro que festejava o tricampeonato do Brasileiro na volta de Salvador, depois do triunfo por 3 a 1 sobre o Vitória, em novembro. Com uma particularidade: confessou ser cruzeirense.
Antes da saída, uma cena inusitada. Muitos policiais militares sacaram seus celulares e começaram a filmar ou a fotografar a festa alvinegra. Afinal, foi um embarque histórico para o Atlético e sua torcida.

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