Com as entradas a R$ 50, torcida do Atlético só terá direito a 190 bilhetes no clássico.Kalil diz que rejeitou cota mínima proposta pelo América porque venda teria até tiro
Paulo Galvão - Estado de Minas
Roger Dias - Estado de Minas
Publicação:06/10/2011 07:00
O tempero da crise parecia dar o tom ao clássico de sábado entre Atlético e América, na Arena do Jacaré, com as duas equipes na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro. Mas a polêmica foi parar na venda de ingressos. O torcedor que quiser ir à Arena do Jacaré no duelo pela 28ª rodada terá que desembolsar R$ 50. Se for atleticano, precisa correr, porque foram disponibilizadas apenas 190 entradas para os alvinegros. Na reunião que definiu detalhes da partida em Sete Lagoas, na manhã de ontem, na sede da Federação Mineira de Futebol (FMF), a diretoria americana estabeleceu o preço para cadeira e cadeira especial, com estudantes, menores de 12 anos e maiores de 60 pagando a metade.
A medida foi uma aparente retaliação ao Galo, que na partida do turno colocou bilhetes a R$ 50 para os americanos e retardou a venda no estádio. Os dirigentes alviverdes recorreram à Justiça desportiva e obtiveram liminar reduzindo o preço para R$ 10 e ampliando a carga de 700 para 1,1 mil.
Agora como mandante do jogo, o clube alviverde deveria ceder 10% da carga máxima de 18 mil para os alvinegros, de acordo com o regulamento geral de competições da CBF (artigo 18). Contudo, a diretoria do Galo não concordou com a cota proposta e preço alto e deixou de retirar o total que lhe cabia, adquirindo apenas 190 dos 1,8 mil disponíveis. Foi uma suposta reação do Atlético para esvaziar o confronto. “O América montou um circo e o Atlético não se dispõe a se vestir de palhaço”, declarou o presidente Alexandre Kalil.
Há uma orientação da Polícia Militar de que nos setores destinados à torcida do América não será permitida a entrada com uniforme do Atlético. O integrante do conselho administrativo do Coelho Francisco Santiago garante que está tranquilo com relação ao cumprimento da lei: “Respeitamos o que manda a regra, que é disponibilizar o total de ingressos ao Atlético, mas o Atlético não quis fazer valer seu direito. Não é questão nossa definir o que o adversário fará com os bilhetes”. Ele nega a hipótese de vingança. “Pela grandiosidade do espetáculo, dois times em situações difíceis no campeonato, o preço de R$ 50 é o que achamos justo para um evento desta natureza”, afirmou o dirigente.
PRECAUÇÃO O Atlético alega que não pediu a cota a que teria direito “por respeito aos torcedores”. Segundo Kalil, se fossem colocados apenas 1,8 mil bilhetes à venda na sede de Lourdes, haveria risco “de sair tiro” tamanha seria a procura. “O Atlético já tem problemas demais, não precisamos de mais um”, argumentou. Ele defendia o repasse de cerca de 10 mil entradas.
om a falta de acordo entre as diretorias, o clássico mineiro corre o risco de ter um dos piores públicos de sua história. No jogo de ida das semifinais do Campeonato Mineiro, em 24 de abril, quando o Galo fez 3 a 1 no Coelho, foram contabilizados apenas 2.818 pagantes.
É pé na forma ou passo à forca
A obrigação de balançar as redes certamente atormenta os jogadores de Atlético e América. As equipes aparecem na zona de descenso e os resultados negativos causam ainda mais sofrimento às torcidas. Neste momento, a responsabilidade recai sobre os artilheiros. Coincidentemente, os rivais marcaram o mesmo número de gols na competição: 33. E os experientes Magno Alves, do Atlético, e Fábio Júnior, do Coelho, vivem momentos ruins e tentam se recuperar.
Aos 35 anos, Magno Alves não se abala com as críticas, mas também não deixa de expor sua insatisfação com as vaias que recebeu domingo, depois de o goleiro Fernando Henrique, do Ceará, defender o pênalti que ele cobrou. O jogador, que marcou seis gols no Brasileiro, acha injusto ser responsabilizado pelo empate por 1 a 1, em casa.
“Não quero comover a torcida, mas nunca entro em campo para perder. Eu também me cobro muito. Fico triste, mas sei que o momento é de manter a cabeça erguida”, declarou. Mesmo sem tirar o direito do torcedor, ele acredita que isso em nada vai ajudar a equipe a sair da situação delicada em que se encontra. O melhor, em sua opinião, é a união de todos para ajudar o Galo a vencer os próximos jogos, a começar pelo clássico. “Precisamos mais que tudo da vitória, estamos deixando muito a desejar, os adversários estão se distanciando. Temos de vencer o América, adversário direto nessa luta contra o rebaixamento.”
Magno Alves ainda fica espantado com tudo que ocorreu no domingo, na Arena do Jacaré. Ele garante que, em 15 anos de profissão, nunca viu uma equipe sair sem vencer mesmo tendo criado tantas chances – foram 34 – e com dois jogadores a mais em quase todo o segundo tempo. “Estamos precisando de sorte, competência, tranquilidade”, afirmou o atacante.
OPORTUNIDADE Experiente, líder dentro e fora de campo, Fábio Júnior, de 33 anos, estava ansioso por uma oportunidade entre os titulares. Ela veio no coletivo de ontem à tarde, no CT Lanna Drumond. Com a dispensa de André Dias, será companheiro de Kempes. Ele havia perdido espaço para outros atletas. No entanto, seu trabalho continuou da mesma forma: intensa atividade de finalizações e jogadas aéreas. Ainda é o artilheiro do América na temporada (15 gols), sendo dois pelo Brasileiro.
Seu desempenho diante do Atlético não deixa dúvidas sobre sua capacidade – marcou duas vezes na vitória por 2 a 1 pelo Campeonato Mineiro desse ano. A fase sem balançar as redes o prejudicou muito. Mas o jogador manteve a cabeça firme e não se preocupou com as críticas dos torcedores. Seu último jogo como titular foi no empate com o Atlético-PR (2 a 2), em Curitiba. “No que depender de mim, o América vai se salvar do rebaixamento. Sempre estive pronto para assumir as responsabilidades. Agora é a hora.”
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