Paulo Galvão - Estado de Minas
Um técnico que tenha liderança, seja firme, entenda de futebol e, principalmente, pense de forma semelhante ao presidente Alexandre Kalil. É o perfil desejado pelo Atlético para substituir Marcelo Oliveira, avisado, no início da tarde de ontem, de que não dirigirá a equipe em 2009.
“Marcelo é bom profissional, homem sério, decente e digno, mas não acompanha o perfil do presidente do Atlético. E isso é fundamental”, justificou Kalil, ressaltando que avaliou o trabalho da comissão técnica durante 40 dias. Para ele, trata-se de cargo de confiança. “Quero alguém que me poupe um pouco do futebol, seja um pouco diretor. Alguém que tenha liderança, que me permita ir ao CT de Vespasiano a passeio.”
Sentindo-se “moralmente livre do compromisso” com Marcelo, com o restante da comissão técnica e também com os jogadores, o dirigente pretendia iniciar ontem mesmo as negociações para contratar o novo treinador. Entre os cogitados, estão Emerson Leão, Celso Roth, Dorival Júnior e Caio Júnior. “Todo técnico desempregado pode desejar ser técnico do Galo. Resta saber é se quem se habilitar vai se encaixar no novo perfil.”
Por outro lado, o presidente atleticano mostrou que não pretende abrir mão de comandar o futebol do Galo, independentemente de quem seja o treinador ou mesmo o diretor da área. Esse, aliás, garante Kalil, não influenciará na escolha de quem comandará a equipe, seja Bebeto de Freitas, como vem sendo comentado, ou outro. “Essa é uma prerrogativa da qual não abro mão.”
O mesmo se aplica à contratação de reforços. Segundo Kalil, o assunto já vem sendo trabalhado pela diretoria, pois independe de outras decisões. O certo é que a reformulação do grupo já está em andamento. Além dos jogadores com o contrato por vencer neste fim de ano, atletas com compromissos mais longos também podem deixar o clube. “A verdade é que temos jogadores desconhecidos. Eu mesmo não conhecia muitos deles. Além disso, existem outros com salários altos, incompatíveis com a situação do Atlético”, disse Kalil.
Ontem mesmo, ele foi procurado por representantes do atacante Jael, que chegou este ano e tem contrato até 2013. O conteúdo da conversa não foi revelado, mas, como o jogador não aproveitou as chances que teve e estava na reserva, poderá ter a saída facilitada.
OUTRO LADO Enquanto Kalil afirmava que espera ter tomado a decisão correta ao dispensá-lo, Marcelo deixou a sede de Lourdes com a sensação do dever cumprido. Segundo ele, tudo que estava a seu alcance e dos outros integrantes da comissão técnica foi feito. “Tivemos todo tipo de dificuldade. A maioria das pessoas temia que o Atlético fosse rebaixado, pois o grupo de jogadores era desequilibrado tecnicamente, o clube ficou sem presidente, os salários estavam atrasados. Mas nós fomos muito convictos do que poderíamos realizar e atingimos a meta”, afirmou. “Gostaríamos de ficar, mas saímos sem mágoa. Ao contrário, gostaria de agradecer ao clube por mais esta oportunidade e principalmente à torcida, que sempre nos apoiou e nos deu carinho, mesmo nos momentos difíceis.”
Marcelo assumiu o Galo em lugar de Alexandre Gallo, dispensado depois da goleada por 6 a 1 para o Vasco, em 31 de julho, em São Januário. Na ocasião, o time caiu para a 15ª posição no Brasileiro, assustando a torcida. Sob seu comando, a campanha no Nacional melhorou, mesmo ficando longe da sonhada pelos torcedores: em 22 jogos, foram oito vitórias, sete empates e oito derrotas. Também com Marcelo, o time foi derrotado duas vezes pelo Botafogo na primeira fase da Copa Sul-Americana. No fim, terminou o Brasileiro em 12º lugar e garantiu vaga na competição continental de 2009. O treinador já assumira a equipe interinamente em maio, entre a saída de Geninho e a chegada de Gallo, no empate por 1 a 1 com o Goiás, pela segunda rodada.
Revelado pelo alvinegro como jogador, nos anos 1970, e como treinador da base, no início desta década, Marcelo também foi auxiliar técnico no clube. Agora, porém, não foi convidado pelo presidente para assumir nenhum outro cargo, o que não aceitaria, por pretender dar prosseguimento à nova carreira. “Espero que o Atlético seja feliz, pois minha relação com o clube é de muito tempo, mas vou seguir minha vida. Tenho apego a trabalho, não a cargo. Então, vou dar continuidade em outro lugar.”
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