terça-feira, 7 de outubro de 2008

Serventia da casa (07/10)

Paulo Galvão - Estado de Minas

A crise parece ter chegado ao Atlético para ficar no ano do centenário. Não bastassem a falta de títulos e um namoro com o rebaixamento que periga virar noivado, a falta de definição quanto ao sucessor de Ziza Valadares, que renunciou à presidência, e a escassez de recursos, que fez o clube completar ontem dois meses de salários atrasados, a torcida tem de conviver agora com a indisciplina de atletas, que resultaram na rescisão de seus compromissos. O lateral-direito Mariano, o lateral-esquerdo Calisto e o armador Lenílson, acusados de deixar seus quartos no hotel em que o Galo estava concentrado, na noite de sexta-feira, véspera do jogo com o Palmeiras, não vestem mais a camisa do clube. “Eles desrespeitaram a instituição, a bandeira, o Conselho Deliberativo, os sócios e, o que é pior, a torcida do Atlético. Por isso, estão fora do clube. Não aceitamos atos de indisciplina, sejam de quem for. Em 1994, por ter sido colocado na reserva pelo técnico Levir Culpi em um jogo com o Botafogo, o Renato Gaúcho foi questionar. Imediatamente, mandei ele passar na secretaria e acertar suas contas. E era o Renato Gaúcho, uma grande estrela”, argumentou o ex-presidente Afonso Paulino, que está respondendo pelo futebol desde a renúncia de Ziza Valadares. Segundo ele, o Galo pagará apenas os salários devidos aos atletas, pois vai alegar demissão por justa causa na Justiça do Trabalho. “Vamos também denunciá-los na Justiça Desportiva, para nos resguardar. Só não vamos pedir para que eles sejam suspensos por 180 dias porque não queremos prejudicar os familiares.” Paulino decretou a linha dura a partir de agora no Galo. “Jogador tem o direito de sair, de jantar com a família, de tomar sua cerveja nos momentos de folga. Mas nunca de fazer o que os três fizeram ou sair do treino e encher a cara até de madrugada. Outros jogadores que estejam se comportando mal fora de campo terão o mesmo caminho”, disse o dirigente, que, na semana passada, por pouco não flagrou um atleta, cujo nome não foi revelado, em uma boate. “Cheguei 10 minutos atrasado. Mas ele pode ter certeza que estamos de olho.” Enquanto o grupo se reapresentava na Cidade do Galo, Mariano, Calisto e Lenílson foram à sede de Lourdes para tratar da rescisão de seus contratos. Para azar deles, cinco torcedores da Galoucura chegaram ao local para conversar com o presidente em exercício do Conselho Deliberativo, Antônio Silva Passos. Eles decidiram aguardar a saída dos atletas para cobrar pela indisciplina, gerando tensão. A Polícia Militar foi acionada e tentou convencê-los a ir embora. Diante da negativa, foi chamado reforço e um carro da corporação foi colocado rente à porta da sede. Os jogadores saíram escoltados pelos policiais, sob gritos de “vagabundos”, “mercenários” e “cachaceiros”. Convocação Ontem, o clube comunicou que cassou a liminar concedida pelo juiz Genil Anacleto Rodrigues Filho, da 26ª Vara Cível, que impedia a votação do novo estatuto pelo Conselho Deliberativo. Assim, Antônio Silva Passos convocou para segunda-feira nova reunião para tratar do assunto, além de definir a data da eleição do novo presidente do clube. “Quem conseguiu essa liminar prestou um desserviço ao Atlético, causou prejuízo enorme ao clube. Agora, temos certeza de que vamos votar o estatuto e finalmente convocar eleições”, declarou o presidente da Comissão de Revisão do Projeto do Estatuto, Irmar Ferreira Campos. Ele garante que o importante é que a reunião seja realizada. “Não estamos defendendo a aprovação do estatuto, mas sim que os conselheiros possam votá-lo”, explicou.

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