Programação elaborada pelo departamento de marketing teve de ser revista em função dos resultados negativos do time em campo.
Thiago Nogueira, do Pelé.Net
BELO HORIZONTE - O centenário do Atlético-MG foi planejado para ser um ano para aumentar as fontes de renda, melhorar a receita do clube e ampliar a paixão alvinegra pelo time. Na prática, no entanto, isso não aconteceu. Sem a conquista de títulos na temporada, a recente eliminação na Copa Sul-Americana e a má colocação no Campeonato Brasileiro, boa parte das ações de marketing atleticanas precisaram ser revistas ou adiadas.O lançamento da camisa número 3 da edição especial do centenário é um exemplo de estratégia reavaliada. A princípio, o Atlético-MG tinha a intenção de fazer uma grande festa para apresentá-la a torcida, mas, com o time em baixa, a diretoria acabou optando por um lançamento discreto com fotos divulgadas no site do clube.De acordo com o gerente de marketing do clube, Álvaro Cotta, as mil unidades do primeiro lote da camisa preta e dourada, lançadas no dia 25 de agosto, esgotaram-se no dia seguinte. O Atlético anunciou que apenas 5 mil dessas camisas serão comercializadas. Cotta disse que não há estratégia por trás da limitação do número de camisas colocadas à venda, o que obrigaria o torcedor, mesmo em um momento ruim do time, a correr às lojas. Segundo ele, o limite de camisas postas à venda deve-se à raridade da peça, com cores fora dos padrões tradicionais do clube.As camisas 1 e 2 da coleção centenária também foram lançadas pelo site do Atlético mas, nesse caso, de acordo com Cotta, o lançamento via internet já tinha sido anunciado. A intenção foi contemplar um maior número de atleticanos com a novidade, já que é restrita a quantidade de torcedores em eventos como a apresentação de novas camisas."Alguns ajustes tiveram que ser feitos, em função do momento que o clube vive. Mas o planejamento vem sendo cumprido, praticamente com 80%, 85% do que foi planejado inicialmente. Algumas atividades previstas acabam perdendo o sentido, por exemplo, em termos de shows e comemorações", reconheceu o coordenador comercial de marketing do Galo, Daniel Imai.No início do ano, o Atlético-MG planejou mais de cem atividades que seriam desenvolvidas ao longo da temporada. Aconteceriam eventos institucionais, festas para a torcida, shows, lançamento de livros, produtos especiais e medalha comemorativa, concursos, campanhas, amistosos internacionais, homenagens e exposições de acervo histórico, entre outras ações.Alguns eventos aconteceram, outras não. As atividades voltadas para o torcedor se concentraram no mês de março. Na virada de 24 para 25, dia da fundação do clube, Belo Horizonte, na ocasião, vivenciou o espírito festeiro e apaixonante do atleticano. Os torcedores passaram a noite na sede de Lourdes em contagem regressiva para o centenário. Pela manhã, houve alvorada de fogos na Praça Sete, centro da cidade, e uma homenagem aos fundadores do alvinegro no Parque Municipal, local considerado o marco zero da fundação do clube.No dia 26, o Atlético-MG organizou uma megafesta no Mineirão. A banda baiana Jammil e Uma Noites agitou o torcedor atleticano antes da partida amistosa contra o Peñarol, do Uruguai. O jogo terminou empatado em 1 a 1. Daí para frente, o marketing alvinegro previa novas comemorações que seriam realizadas em caso de títulos. No Campeonato Mineiro, o Atlético chegou à final, mas acabou superado pelo rival Cruzeiro após uma humilhante derrota no primeiro jogo, por 5 a 0. Na segunda partida, outra derrota, dessa vez, por 1 a 0.A participação do Atlético-MG em outras duas competições, que a diretoria depositava esperanças de títulos, também terminou em decepção para a torcida alvinegra: Copa do Brasil e Sul-Americana. Em ambas, o algoz atleticana foi o Botafogo, que, na semana passada, impediu com uma goleada por 5 a 2, no Mineirão, que o Galo chegasse, pela primeira vez, à fase internacional do torneio.Perguntado sobre a revisão no cronograma atleticano para o centenário, o presidente Ziza Valadares foi taxativo. "Isso foi revisto há muito tempo atrás", afirmou o dirigente, em entrevista na Cidade do Galo, após mais um resultado ruim do Atlético na temporada: empate em 1 a 1 com o Goiás, dia 21 de agosto, no Mineirão. Inicialmente, o clube previa a realização de diversos shows antes e nos intervalos dos jogos. O chamado Show do Centenário, um megaevento parecido com o realizado na partida contra o Peñarol, que aconteceria em julho, foi cancelado."O momento não era tão propício. Demandaria um investimento, que a gente já tinha conseguido levantar junto a patrocinadores, mas acabaríamos não tendo um efeito tão interessante em termos de retorno para a imagem do clube e de satisfação do torcedor", avaliou Daniel Imai.A empolgação do torcedor atleticano com o centenário, principalmente no início do ano, alavancou as vendas de produtos esportivos do clube. A coleção 2008 e as camisetas comemorativas do centenário, a chamada linha retrô, foram lançadas, respectivamente, nos dias 19 de fevereiro e 29 de maio. Só no período dos dois lançamentos, segundo o departamento de marketing, foram vendidas cerca de 95 mil camisas."A vendagem de camisas é um termômetro do animo da torcida e da satisfação dela com o clube. Os resultados, nesse ponto, impactam o resultado comercial da operação. No primeiro semestre, nós tivemos um período de três meses, um total de venda de camisas praticamente igual a todo o ano passado", ressaltou Daniel Imai.Um levantamento feito pelo departamento de marketing do clube registra queda de vendas de camisa justamente nos piores momentos na equipe no ano. Em maio, após a perda do Campeonato Mineiro, e em julho, mês das goleadas para Botafogo e Vasco, saída do técnico Alexandre Gallo e aproximação da zona de rebaixamento, as vendas caíram vertiginosamente.
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